O que estará a pensar este gato? Será que está com dúvidas sobre o que vai ser o ano de 2013? A famel pede para olharmos com atenção... Não se pode fazer outra coisa!... Atenção e muito cuidado ...
Cuidado
Se os passos movo, que faço? Ando quanto tenho andado: Em que circulo penoso Me fazes lidar, Cuidado?
Deixa-me ir por outra estrada, Ver se alguma paz alcanço; Não me invejes inquieto Um momento de descanso.
Não sei se devo fugir-te, Se entregar-me sem defesa: Cuidado, fatal Cuidado, Põe termo a tanta incerteza.
Se me não deixas, tirano, Ser feliz, como preciso; Se me estragas a ventura, Sequer, poupa-me o juízo.
Quem há-de abrir a porta ao gato quando eu morrer?
Sempre que pode foge prà rua cheira o passeio e volta pra trás, mas ao defrontar-se com a porta fechada (pobre do gato!) mia com raiva desesperada.
Deixo-o sofrer que o sofrimento tem sua paga, e ele bem sabe. Quando abro a porta corre para mim como acorre a mulher aos braços do amante. Pego ao colo e acaricio-o num gesto lento, vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda. Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos, olhos semi-cerrados, em êxtase, ronronando.
Repito a festa,vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda. Ele aperta as maxilas, cerra os olhos, abre as narinas, e rosna, rosna deliquescente,abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
4 comentários:
Apenas fez olhinhos à fotografia.
O que estará a pensar este gato?
Será que está com dúvidas sobre o que vai ser o ano de 2013? A famel pede para olharmos com atenção... Não se pode fazer outra coisa!... Atenção e muito cuidado ...
Cuidado
Se os passos movo, que faço?
Ando quanto tenho andado:
Em que circulo penoso
Me fazes lidar, Cuidado?
Deixa-me ir por outra estrada,
Ver se alguma paz alcanço;
Não me invejes inquieto
Um momento de descanso.
Não sei se devo fugir-te,
Se entregar-me sem defesa:
Cuidado, fatal Cuidado,
Põe termo a tanta incerteza.
Se me não deixas, tirano,
Ser feliz, como preciso;
Se me estragas a ventura,
Sequer, poupa-me o juízo.
Beijinhos
Maria Ideias
DE ANTÓNIO GEDEÃO, COM TODA A PROPRIEDADE:
Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prà rua
cheira o passeio
e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga, e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas, e rosna,
rosna deliquescente,abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
E outro, não menos apropriado, de Ferando Pessoa:
Fernando Pessoa
Gato que brincas na rua
Como se fosse na ama,
Invejo a sorte que é tu
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
Gato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
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