segunda-feira, outubro 30, 2006

Pq é importante lembrar...

30 Outubro - Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama
O cancro da mama é a principal causa de morte por cancro nas mulheres (tb aparece em homens) e a terceira principal causa de mortalidade em geral.
Todos os anos na Europa são diagnosticados cerca de 384.000 novos casos, prevendo-se que 1 em cada 10 mulheres desenvolva cancro da mama na sua vida.
Em Portugal estima-se que sejam diagnosticados 3.000 novos casos
de cancro da mama anualmente.
90% dos cancros de mama, se detectados a tempo, são curáveis. Por isso, a prevenção é necessária, deve-se estar sempre alerta nomeadamente, atenção ao corpo, exames médicos (mamografias) e o auto-exame mensal.

CRONOLOGIA SOBRALENSE V e VI


"Espantalhos"

Os espantalhos são característicos da cultura das gentes da Beira. Associados à agricultura e aos ambientes naturais, os espantalhos assumem um papel de defesa, protegendo as sementeiras e os plantios, afastando os pássaros e outros intrusos .

Estes não são os verdadeiros espantalhos, de corpo de palha e fisionomia humana, mas mostra-nos que por "terras do queijo corno" quando toca a afuguentar a passarada (e não só), a imaginação abunda...

sábado, outubro 28, 2006

Mais Letra M... do livro do Prof. Daniel

Matchorro - Conjunto, muitos pinheiros / árvores juntas
Malaú - Despenteado, com cabelo grande
Malhadiço - teimoso
Malhão - feixe de palha que se atava nos pinhoeiros para marcar uma testada
Malina - doença, mal
Manoja - punhado de folha ou feno apertado numa mão, paveia
Mãozada - cumprimento, (passo bem)
Maquia (levar a) - levar porrada
Marrafa - penteado com franja para a testa e carreiro
Marrão - vinho ordinário, que faz doer a cabeça, estudante do (empinanço)
Marreco - pato, corcunda
Martelão - cabeçudo, pouco esperto, cabeça grande
Martola - cabeça, tola
Matéria - pus, águadilha
Mecheiro - rastilho de bomba
Melena - barbas de milho, cabelo comprido
Merçó - moela
Messagra - dobradiça
Messeira - pedreira
Miau - bolo untado com mel dado nas malhas
Migadura - mão cheia (couves)
Milheira - diz-se da pedra granítica
Minaral - nome do volfrâmio peneirado na ribeira de Cebola
Minguar - diminiur
Mirrado - seco, magro
Miudeiro - armadilha de rede em forma de cone para apanhar peixe
Moafa - careta
Moina - boémia, farra
Moinha - resíduo miudo do milho
Moio - medida de 60 alqueires
Molas - indivíduo que não pára
Molhada - mão cheia, braçado, tudo ao monte
Molina - chuva miudinha
Mona - cabeça
Morquelo - desajeitado
Mortório - funeral, falecimento
Mouxão - melga, mosquito cuja picada empola
Musguenho - pessoa confusa

e mais letra M da minha pesquisa:

Manadeiro - homem que ia vender porcos ao Sobral
Maior-de-todos - o dedo médio
Mata-piolhos - o dedo polegar
Mangar - gozar
Mandonguiçe - preguiça
Manilha - a carta 7 nalguns jogos de cartas
Mão - lanço inteiro que se joga de cada vez se dão cartas, demão
Mãos-atadas - pessoa acanhada
Mão (ter) - segurar
Mão (ter mão em) - ter autoridade sobre alguém
Mincheia - mão-cheia ou punhado
Maravalho - graveto, apara de madeira
Maré - ocasião
Marmelo - peito de mulher, teta
Marosca - mentira
Marrano - porco de engorda já crescido
Mata-ratos - cigarro feito de tabaco ordinário
Matutar - meditar
Medrança - tumor na pele dos animais onde se cria um bicho negro
Mingengra - ave da família das Parídias, também conhecido por chapim real
Melindrado - ofendido
Melúria - preguiça
Mercar - comprar
Meruges - planta aquática que se apanhava nas levadas para dar aos porcos
Merujar - chuviscar
Miga - espécie de açorda
Milhã - erva que nasce no meio dos milhos
Miola - miolo da broa
Miúde (damiúde) - repetidas vezes, frequentemente
Moega - certa peça do moínho
Moer - derrear com pancada, cançar com trabalho
Moganga - variedade de abóbora
Moita carrasco - interjeição que indica que não se obteve resposta
Moleira - a abóboda do crânio
Molhadura - rodada de copos que se pagava nas tabernas para comemorar qualquer facto ou ocorrência
Morgado - filho único
Mouco - surdo


quarta-feira, outubro 25, 2006

Letra M

Malga - tigela;
Malho - machado;
Maniar - quando um animal aborta;
Manjadoira - local mais alto nos currais onde se colocava a comida dos animais;
Manjarona - mulher alta; Mal ajeitada;
Manjona - cabra que dá muito leite;
Marrona - porco;
Mataloto - parvo; estúpido;
Medrar - crescer;
Meixerica - pessoa que mexe;
Mejarelito - coisa pouca; pinguito; pequena quantidade;
Meote - peúga; miote;
Mexórdia - mistura; mixórdia;
Minjengra - pessoa fraca e pouco desenvolta;
Motcha - cabra sem chifres;
Motcho - que não corta;
Moinanta - rapariga;
Moinante - rapaz;
Mordedela - mordedura; mordidela;
Moutcho - ave de rapina; banco; sem chifres;
Moutchas - às escuras;
Murta - multa; planta aromática do Mediterrâneo;

Sobral de S. Miguel (estudos etnográficos)
de Maria Pinto dos Santos A. Carrola e Gabriel dos Santos

Grande cheia II

No bairro da ponte a cheia também deixou as suas marcas, segundo os residentes, por volta das 4h da manhã o caudal era tanto que não passava toda por baixo da ponte, fazendo a água subir e junto à laje inundar a rua e garagens.

Barroco de Carvalho

Laje

(A força das águas rebentou com parte do cimento que cobre o fundo do nosso pocito, deixando um buraco enorme)

(Alguns residentes tiveram que se "desenrascar" da forma que puderam para tirar a água das garagens)

Cheia das grandes

Aqui fica a "reportagem" em primeira mão, dos vestígios da segunda cheia de Outubro. Desta vez não foi uma simples cheia, a água subiu bastante chegando à estrada e fazendo estragos. Foram poucas as casas junto da ribeira que não ficaram com as caves alagadas, os correios tinham dois palmos de água lá dentro, o Fernando pensou que as cabras se íam afogar...
A cheia não provocou apenas pequenas inundações, mas também "barrancos", o mais complicado foi no Vale mesmo junto à ribeira. O trânsito está cortado por motivos de segurança.

Pormenor do Barranco no Vale

Vista geral do Poço do Vale

(Comparado com a subida das águas durante a noite isto não é nada)

Poço do Vale
(Estão a ver a parede ao nivel da estrada? Foi aí que a água chegou durante a noite)

Poço do Ti Abrantes
(Neste caso o caudal esteve todo ao mesmo nivel durante a noite)

O que resta da cheia preso no tronco da árvore

Infelizmente estava no primeiro sono quando a grande cheia se deu. Não apanhei o pico das águas ludras e a cheia na estrada....mas fica a noticia documentada!

terça-feira, outubro 24, 2006

Vamos à loja do Ti Alberto?



Quem se lembra da loja do Ti Alberto Abrantes?
Canetas Bic, rebuçados dos bons, cadernos à moda antiga... Deviam ser raros os míudos que não paravam ali quando vinham da escola para encher os bolsos de flocos de neve!
Hoje passei por lá e o Ti Alberto estava a arrumar uns caixotes, não resisti a pedir-lhe que se colocasse atrás do balcão para lembrar os velhos tempos.
Continua simpático e divertido...fez-me a vontade!
Ficam aqui as fotos para recordar!

segunda-feira, outubro 23, 2006

A geração mais recente


Apresento-vos a Catarina, O Carlitos, o Marco, o João Pedro, a Mariana, o Paulo e o Ricardo.
Estes são os mais recentes ocupantes da Escola Primária de Sobral de São Miguel.
São apenas sete, os alunos que hoje em dia ocupam as salas que outrora estavam apilhadas de crianças.
As brincadeiras são as de sempre, o fugitivo, o ferrado, jogar à bola, à moca, entre tantas outras!
Como era na vossa altura?

Outras perspectivas do Sobral



sábado, outubro 21, 2006

No principio era assim






Fotos cedidas por João Gaspar

CRONOLOGIA SOBRALENSE III e IV


quinta-feira, outubro 19, 2006

O DIREITO À INFORMAÇÃO

Corrigenda
Após terem sido levantadas algumas dúvidas em relação à fiabilidade deste post, consultei novas fontes e verifiquei que (apesar de não muito relevante sem se conhecer a verdadeira posição dos eleitos mais absentistas), alguns presidentes mais despreocupados com a defesa dos interesses da sua Freguesia, faltaram à Assembleia Municipal. Parece que não é só na Assembleia da República, pelos vistos a crise da balda é geral.
E mais digo, que em nome da verdade, sempre, dar-me-ei ao trabalho de tentar ter acesso à acta dessa assembleia, dissipando desta forma todas as duvidas, minhas e dos mais cépticos.

Contudo , penso que quem sabe mais acerca do assunto e já fez desmentidos a este post, inclusive eu, tem o dever moral de esclarecer a povoação, caso contrário é conivente e cúmplice da alienação da água e da desinformação do povo.
Desta forma a informação dada anteriormente, da forma em que fui induzido em erro, pelo qual apresento a minhas desculpas ao humilde povo do sobral e faço questão de corrigir, passa a ter a seguinte redacção:
"Exceptuando o Srs. Presidentes de Junta de Boidobra e Erada que votaram contra a alienação das águas, juntamente com a eleita directa do CDS à Câmara, em assembleia municipal, todos os restantes Presidentes de Junta Presentes e cumpridores dos deveres que lhe foram incumbidos nas ultimas autárquicas, votaram a favoravelmente à venda das águas.
E você?
É contra?
É a favor?
Tem batido com a cabeça?
Tem-se embriagado ultimamente?
Lembra-se de ter assinado alguma procuração com o fim de dar ou tirar legitimidade ao seu presidente de Junta para vender um bem que lhe pertence a si e a todos nós?
Debrucemo-nos sobre os comentários do Egas a este post.
Dá que pensar não dá?
O assunto terá de regressar à Assembleia municipal, não está tudo perdido!
Diga de sua justiça, pelo menos aqui! Exija ser consultado e esclarecido, é um direito seu. Quem você elege tem a obrigação de lhe facultar toda a informação acerca desta importantíssima temática, não de agir unilateralmente.
INFORME-SE!"

quarta-feira, outubro 18, 2006

Poema de Outono

( adiciono o cartaz da peça em 1820 enviado pela Chenouca)


Para ler durante a contemplação da cheia


«Em mim tu podes ver a quadra fria
Em que as folhas, já poucas ou nenhumas
Pendem do ramo trémulo onde havia
Outrora ninhos e gorgeios e plumas»


Shakespear 1564-1616
( quando passou pelo Sobral em 1600)

CRONOLOGIA SOBRALENSE II

Cheia

Quantos de nós ficávamos impávidos a olhar para a cheia quando íamos para a escola?
E depois ninguém chegava a horas...
E quantos de nós ficávamos enjoados a olhar para a água e a sentirmo-nos puxados por ela?
É a chamada hipnose da cheia, duvido que haja alguém que nunca a sentiu.

terça-feira, outubro 17, 2006

CRONOLOGIA SOBRALENSE

segunda-feira, outubro 16, 2006

Já que se discutem águas...

“O meio ambiente que possuímos foi-nos transmitido pelos nossos antepassados e tomámo-lo de empréstimo às gerações vindouras” - Provérbio Africano -


Ainda sou do tempo em que a ribeira funcionava como despejo de todos os lixos. Se qualquer coisa deixava de ser útil, “botava-se pra ribera”. A corrente levava os lixos (ás vezes) e o deixar de se ver equivalia a deixar de existir.

Com o passar dos anos, os caixotes/contentores de lixo foram colocados pelas ruas e este comportamento foi melhorando. Mas, parece que ainda há quem não tenha reparado que os contentores para o lixo abundam pela aldeia.

Não é preciso estar muito atento para ver nas margens ou mesmo nas águas da ribeira, vários tipos de lixo.

Numa altura que se aposta na preservação do património arquitectónico/cultural e na captação de visitantes à aldeia, não me parece que seja um bom cartão de visita.

Torna-se muito desagradável que a ribeira que é para o Sobral, na minha opinião, uma generosidade da natureza, que além de todas as funções sociais lhe dá aquele ambiente de certa forma “místico”, de paz de espírito, calmaria, romantismo, possa ser o ponto negativo duma visita à aldeia.

Penso que se deveriam tomar medidas de consciencialização ambiental e ecológica. Acredito que para as gerações mais antigas seja difícil a mudança de comportamento, mas talvez se devesse apostar na sensibilização das crianças como instrumento mais eficaz de chegar aos adultos.


Podia ser lindo...

Se logo ao lado não estivesse assim...

“Primeiro foi necessário civilizar o Homem em relação ao próprio Homem. Agora é necessário civilizar o Homem em relação à natureza”. Victor Hugo

quinta-feira, outubro 12, 2006


O que acha da intenção do executivo camarário, de privatizar a água?

quarta-feira, outubro 11, 2006

A "Ponte" depois da "movida" do Verão


As noites quentes e animadas de Verão já lá vão, do mesmo modo que o chapinhar na ribeira, deu lugar ao som da cascata! Agora é tempo de descanso e de apreciar as mudançar na paisagem.


As Pútegas!

Citinus hipocistus - Família das Rafflesiáceas
Holoparasitas carnudas. Plantas pequenas amarelo-avermelhadas, caules muito curtos com folhas escamiformes densamente imbricadas. Flores subsésseis reunidas num denso cacho com flores masculinas e femininas. Parasita sobre as raízes das Cistáceas em todo o País. Foram muito utilizadas
no passado em medicina popular como adstringente.
Nome vulgar: pútegas ou coalhadas.
(Ana I. Correia, Local - Ribeira Abaixo, Abril 1982)
"Em tempos que já lá vão… não havia quem não gostasse de ir às pútegas!

Então, chegando o tempo, lá me punha eu a “atintar” a minha mãe ou avó, para me deixarem ir, ou, melhor ainda, irem elas comigo; já que eu, pequena e pouco habilidosa para essa lide, não apanhava nada. Depois de belas abadas e com as mãos todas sujas da apanha, mesmo sem água por perto para lavar as ditas, passava-se à fase do “queijo”, ou seja: espremia-se o “Berrotcho”- eu chamava coalhada - para uma pequena lage apanhada na ocasião e limpa na ponta do avental. Na falta de colher, comia com um pequeno pau (garfo) tirado de um qualquer “ervedeiro”. Era um festim!

Um dia, teria para ai uns seis ou sete anos, fui com a minha mãe para o Cadaval. Já farta de correr pelas lezírias, pendurar-me nas árvores, atirar pedras e sei lá que mais judiarias… convenci-a a deixar-me ir procurar pútegas… em pleno Verão!! Ela bem clamava que não havia pútegas nenhumas… mas, tanto lhe moí o juízo que lá me deixou ir. Depois das recomendações de que não me afastasse muito e que fosse cantando ou gritando para ela saber onde eu estava, lá parti qual heroína destemida para a maior das aventuras, no meio da floresta em solo lusitano!

Fui cantando, caminhando, cortando flores, atirando pedritas aos pássaros e comecei a pensar que poderia ir subindo cada vez mais, para chegar ao Cadaval de Cima. Embalada com esse desejo lá fui andando, porque de repente… esqueci as pútegas! Recordei-me de repente que o “ti” Zé Hermínio, contava existir no cimo do Cadaval uma clareira, para onde os pastores iam quando a trovoada apertava. Ele próprio, num dia que ameaçava “borrasca” mal a chuva e o vento começaram, abriu o guarda-chuva e qual maravilha… um remoinho meteu-se debaixo dele e trouxe-o a voar até ao Cadaval de Baixo! Com essa imagem no pensamento e achando que tinha de ver o local da aventura; até já me via a voar também… corri quanto pude.

Porém, não tardou, comecei a sentir-me cercada por mato cada vez mais espesso, e perdi a noção do sítio onde estava. Não queria gritar para não dar parte fraca, mas já as lagrimazitas assomavam no canto dos olhos e prestes a gritar, sinto… qual erupção vulcânica, forte tropel de cavalo. Parei e pensei, estou salva! Deve vir ai o Ti Abílio… afinal ele andava por tanto lado e só o cavalo dele era assim tão forte para fazer aquela barulheira toda.
Toda contente, imaginando uma bela “cavalossa” no animal; o que vinha mesmo a calhar, porque estava cansada e a ficar cheia de sede e fome. Mas… o que surge na minha frente, não tinha semelhança alguma com o Ti Abílio! O cavalo era enorme (aos meus olhos!) de um castanho avermelhado que eu nunca tinha visto, com crinas negras de tamanho desmesurado, relinchando espantado. O cavaleiro era ainda novo, parecia-me vestido de negro e lutava arreliado para segurar o animal, olhando-me com olhos que pareciam faiscar lume, disse em voz de trovão:
- Sua “pingenta”!!!

Fiquei aterrada …. colada ao chão… tentando recordar alguma das orações que a minha avó ensinava para estas ocasiões de aperto, mas só me vinham à memória os contos que ela desfiava no caminho para as Barrocas de Muro de: Moiras Encantadas, Lobisomens, Almocreves e Cavaleiros com longas capas negras que representavam o próprio Lúcifer!!! Bom… ali, só podia ser o caso!

Desatei a correr pela encosta abaixo, primeiro em silêncio tal era o “caguffo”, mas depois a berrar com quantas forças tinha, mãeeeeeeeeeeeeeee…. parecia-me que o cavaleiro me perseguia, pois continuava a sentir o tropel do cavalo. Caí não sei quantas vezes; rebolei, “esgaranchei” as pernas todas, rasguei o vestido e só parei quando ouvi a voz salvadora e risonha da minha mãe, a perguntar:
- “Atão” Mariita, já apanhas-te as pútegas todas? Vê lá se deixas algumas p’ra semente!!!

Acolhi-me nos seus braços protectores; mas olhando para os “terminos” em que eu vinha, não me sovou porque era muito branda nesse costume. Puxou-me as orelhas por causa do rasgão no vestido, limpou-me o sangue das feridas, pôs-lhe cuspe (óptimo desinfectante!) e fartava-se de dizer:
- “Ranilhas te caia “ (que nunca percebi o que era). Depois, quando lhe contei a “estória” gozou-me até mais não, por causa do cavaleiro de Lúcifer!!!

No caminho de regresso ao Sobral, nesse final tarde, com os carregos à cabeça, foi uma risota geral quando a minha mãe contou a minha aventura. Escusado será dizer que eu vinha bem na frente - contrariamente ao que era costume - “amonada” por ser motivo de chacota geral.

Passado tempo, quando calcorreava aqueles caminhos sozinha e a cantarolar – era uma forma de espantar o medo - alguém que conhecia a minha voz atirava:
- Ó Mariita já viste o hoje o cavaleiro? Trá-lo cá que a gente precisa da força do cavalo!

Nunca soube quem era o cavaleiro, mas que o vi…vi! Acreditem!"


M. Miranda
Out. 2006

Mais uma vez bem hajas pelo contributo!

Concurso da Melhor Jeropiga


Parece que temos uma sobraleira no juri, hein Famel?
Podem inscrever-se na Casa do Povo ou junto da Famel (penso eu).

Vamos lá a ver essas "pomadas" Sobral!
Convidaram a TVI!

terça-feira, outubro 10, 2006

Letra L

Labardo - mandrião.
Lábia - palavreado, léria.
Laberca - faladora.
Labrego - homem grosseiro,laparoto.
Lacrário - lacrau.
Ladrona - maliciosa, mulher ladra.
Laínça - que não come, magra, magricela.
Lambéruda - prova, coisa adocicada.
Lambaréu - língua.
Lambetena - sabidona, espertalhona.
Lambarisca - que rouba, muito vivo (animal).
Lambisgoia - pessoa esperta.
Lamúria - queixa, choradinho.
Lanaça - cabeludo.
Landum - conversa fiada, galheta, léria, sem valor.
Lapatchero - charco de água, poça.
Lapada - pedrada.
Laparoto - coelho novo, rapaz gorducho.
Lapejo - caça ou pesca clandestina.
Lapús - sujo.
Laracha - conversa fiada.
Larada - muitos filhos, caterva.
Larêta - criança esperta, rebelde.
Larica - fome, joio, planta brava e daninha.
Larpar - comer, matar, papar.
Lavadoira - pedra lisa e grande onde se lavava a roupa.
Lavarinto - algaxarra, confusão.
Larina - esperta.
Léria - palavreado, lábia.
Lodeiro - chão grande.
Lindrica - espertalhona, que tem léria.
Linguaruda - amiga de falar.
Ludra - turva.
Ludreira - água suja, porcaria.
Ludrieiro - local com lama.

Outras oportunidades...

Francisco Cardona
"Uma empresa detida pela firma francesa “Creation Gerard Bouveret” funciona discretamente há sete anos em São Jorge da Beira, no concelho da Covilhã, onde produz braceletes e guarda-jóias para marcas internacionais nas áreas da joalharia e relojoaria. “O nosso produto é de alta qualidade e é caro”, diz ao Diário XXI, o francês Gerard Bouveret, presidente do grupo que encontrou naquela aldeia do couto mineiro a “estabilidade necessária” para o acabamento dos seus produtos “100 por cento artesanais”. Ali abriu a empresa RICB, denominação que resulta dos nomes dos seus quatro filhos.
Num mercado “altamente cobiçado” pelos fabricantes internacionais, “é preciso encontrar estabilidade e devoção à arte” de produzir braceletes e guarda-jóias feitos à mão pelas 22 mulheres que a empresa emprega. Sentadas frente a frente, em mesas semelhantes a estiradores, mulheres com idades entre 20 e os 50 anos dão vida a correias em pele de crocodilo, avestruz, tubarão, peixe-gato, raia ou lagarto, fruto das encomendas das marcas cujos nomes Gerard Bouveret não quis revelar.
“Também aqui o segredo é a alma do negócio”, justifica o empresário que escolheu a aldeia mais distante do concelho da Covilhã, com acessos difíceis, “porque aqui ninguém vem buscar estas trabalhadoras, altamente qualificadas nesta arte”, acrescentou.

SEM MEDO DOS PRODUTOS CHINESES
Com escritórios nos Estados Unidos, Singapura, Hong Kong e Japão, entre outros, o grupo apostou na abertura de uma linha de produção em S. Jorge da Beira e espera reforçar o número de empregadas. Bouveret não tem medo da invasão dos produtos chineses, sobretudo abundantes na área da relojoaria. “Não há nada a temer porque o que produzimos é destinado à gama alta, onde eles não conseguem chegar”.

Instalações cedidas pela Junta de Freguesia
O empresário francês admite, a curto prazo, aumentar para 40 o número de trabalhadoras com o objectivo lançar uma nova marca destinada a “atacar” o mercado ibérico nas gamas média e baixa. Segundo refere, é necessário diversificar a actuação da empresa. “Assim que houver condições para ampliar as instalações, iremos avançar para o lançamento de uma nova marca”, garantiu Bouveret.
O projecto de ampliação das instalações, cedidas pela Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira, “já deu entrada na Câmara [da Covilhã] e deverá ser aprovado até ao final deste ano”, disse ao Diário XXI, Fausto Baptista, presidente da Junta.
Satisfeito com o desempenho da empresa e com os postos de trabalho criados, o autarca não tem dúvidas: “Se a empresa não existisse a aldeia estaria mais despovoada. Estas mulheres teriam procurado emprego noutras zonas e já não viveriam aqui”, referiu, ao justificar a cedência de instalações."

sábado, outubro 07, 2006

SOBRAL EM OUTUBRO NO PASSADO

1793 - dia 24, Instituída a Paróquia do SOBRAL

1888 - 25, O Sobral torna-se independente de Casegas.

1938 - 25, 50º Aniversário da independência,
- Concluídas as paredes da capela de Sta. Bárbara.

1948 - Terminada a Ponte dos Canuthos - para a Eira.

1950 - 15, Chegada do Padre Pedro Leal.

1951 - 28, Coroação da Nª.Sra. de Fátima.

1954 - 1, Assente o Altar-Mor com sacrário cofre.

7, Começam as Escolas em 3 salas particulares.

1958 - 7, Começam a funcionar as Escolas da Eira - que tinham
sido inauguradas em 9/6 com a Banda de Loriga.

1960 - 5, O Pe. Pedro cria o Jornal Voz do Sino.

1961 - 1, O Padre José Rey Barata substitui o Pe. Pedro.

1963 - 7, 1º dia de escola do Virgílio Neves - inesquecível até morrer.

1964 - 7, Agora com 4 salas de aula, somos cerca de 160 alunos.
- Começou a funcionar a Cantina Escolar no Salão.

1967 - 7, Começa o ano lectivo 67/68 com a 5ª classe. O Virgílio Neves sem
poder continuar na 5ª e 6ª... afogou-se em lágrimas.

1988 - 25, 1º Centenário do Sobral... LEMBRAM-SE ???

Fonte: Recordações Raizes de Corações - A. Pinto Lopes (Polícia Beirão)
Sobral de S.Miguel COM(N)TRADIÇÕES - Daniel dos Santos.


E a propósito de PASSADO:

"Saboreamos o passado como o futuro: não de uma vez, mas grão a grão."

Tout comme l'avenir, ce n'est pas tout à la fois,mais grain par grain.

Proust (1871-1922)


"O passado é um segundo coração que bate em nós."

Le passé, c'est un second coeur qui bat en nous...

Henry Bataille (1872-1922)

sexta-feira, outubro 06, 2006

quarta-feira, outubro 04, 2006

NO TEMPO DA FOME

Em tempos idos, a fome e a peste pairavam d'amiudo sobre os telhados negros das casas sobralenses. Nalgumas onde escasseavam o pão e abundavam os filhos, eram frequentes as discussões entre os pais, e os choros e gritos entre os filhos. Quantas vezes se ouvia nas casas vizinhas através dos frontais:- Oh mãe tenho fome...oh mãe quero pão... ao que a mãe depois de tanto ouvir implorar respondia:- Queres água filho,queres água...-não mãe,quero pão... - queres pão? Então vai comer filho... - não lhe chego mãe, stá spindurado na trave. Este era o ponto mais alto da casa, e o menos acessível á criançada.
Num daqueles dias ruins, um casal rodeado de filhos e sem nada para lhes dar a comer,lembrou-se de mandaram os garotos ás pinhas e as garotas esfregar a casa da avó que assim ela lhes daria uma malga de caldo. Mal se viram livres dos filhos, foram direitos á cozinha ver se desencantavam alguma migalha pra comer, e depois de tanto olharem, a mulher lembrou-se de ir ao poleiro e voltou de lá com três ovitos das frangas que acabavam de se enxertar e botar os primeiros ovos. Bem quiseram fritá-los, mas sem uma beira de azeite em casa, acabaram por cozê-los.
Reinou a paz durante os breves minutos da cozedura, mas veio a guerra na hora de os repartir... - Eu como dois porque tenho que dar o peito ao mais novo - dizia ela. - Eu como dois, que amanhã vou arrancar torgas para um carvoeiro - dizia ele...E assim se ficaram até que a mulher para se defender, pegou num tanganho da lareira e assentou-o na martola do marido que caiu redondo no meio da cozinha por não conseguir agarra-se ás cadeias que pendiam dum garrote da cozinha.
Ao lusco-fusco, voltaram os filhos mortinhos de fome e a mãe mandou a mais velha repartir com os cinco irmãos os três ovos cozidos,que ela ia a casa da avó dar parte do estado do pai que "tinha desmaido com a fraquesa".
Na manhã seguinte não viram outros geitos senão preparar o enterro do pobr'ihome, e arranjaram-lhe a mortalha, que naquele tempo - ainda não havia caixões - não era mais de que um simples pano branco onde se embrulhavam os cadáveres, que numa simples padiola eram transportados - como os andores - até ao cemitério.
Por ser Domingo, e o falecido ser ainda jovem e pessoa estimada, o acompanhamento era dos maiores que se tinha visto no Sobral,de modos que novos e velhos deixaram nessa tarde o povo sem viva-alma. Á beira da cova o padre começou a encomendar a alma enquanto o coveiro se preparava para tratar do corpo.
Em latim, ouviu-se:-" Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo dai-lhes o descanço" e alguém notou que o corpo se mexia. Ao repetir a frase: - Cordeiro de Deus... o padre também viu o corpo a mexer-se, e á terceira vez, quando o padre ia dizer a frase e acrescentar "dona eis requiem sempiternam" (Dá-lhes o descanço eterno)o morto sentou-se de repente, e ainda embrulhado na mortalha gritou bem alto:- EU COMO DOIS..EU COMO DOIS.
Ouvindo aquilo, o padre deu três saltos e saiu disparado pela porta do cemitério. E o povo espavorido debandou por aquelas ladeiras abaixo. Só o coveiro ficou para trás porque mancava duma perna, e calculando que ia ser apanhado e comido gritava aflito: - Ai de mim e d'outro... ai de mim e d'outro...

segunda-feira, outubro 02, 2006

CHEGOU A LETRA J

JANEIROS-os anos de vida
JANELO - pequena janela
JARDAR - o escavar dos cães, trabalhar no duro.
JEIRA - terra que uma junta de bois pode lavrar num dia
JERICO - BURRO,JUMENTO, ASNO
JESUS - interjeição que designa espanto,medo, admiração
JOELHEIRA - Peça de madeira onde as n/ mães e avós se ajoelhavam
para esfregar os soalhos da casa.
JOEIRA - tipo de peneira onde elas "crivavam" os siscos dos feijões
JOINA - gravetos de lenha,tchamissas,p/ acender os fornos
JORNA - salário diário
JORNALEIRO - trabalhador á jorna (normalmente na agricultura)
JORNADA -um dia de trabalho ou trajecto que se percorria num dia
JULGAR- pensar, imaginar
JUNGUIR - ligar os bois á canga
JUNTA - articulação de dois ossos , o lado das tábuas que se hão-de sobrepor num frontal
JUNTAR - viver en conjunto (casar)

... HÁ COISAS FANTÁSTICAS,NÃO HÁ... OS NOSSOS BISAVÓS A VEREM OS NOSSOS TERMINOS!!!

domingo, outubro 01, 2006

São Miguel

Foi na sexta-feira passada mas foi impossível postar nesse dia. De qualquer maneira mais vale tarde do que nunca, fica então aqui a referência ao patrono do Sobral, São Miguel, o Arcanjo de Deus na batalha contra Lúcifer e os anjos rebeldes (Apoc 12,7-8), o primeiro Anjo honrado pelos fiéis e honrado como "o príncipe da milícia celeste".

A São Miguel atribuem-se três funções:
1. a de guiar e conduzir as almas ao céu, depois de tê-las pesado na balança da justiça divina;
2. de defender a Igreja e o povo cristão;
3. de presidir no céu o culto de adoração à SSma. Trindade e oferecer a Deus as orações dos Santos e dos fiéis.

Fica uma oraçãozinha que os nossos antigos recitavam, como pequeno exorcismo, na esperança de que a vida decorresse sem precalços ditos “do mafarrico”.

“São Miguel Arcanjo, defendei-nos neste combate; sede nosso auxílio contra as maldades e ciladas do demônio. Instante e humildemente vos pedimos que Deus sobre ele impere, e vós, Príncipe da milícia celeste, com esse poder divino, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para a perdição das almas. Amén”