domingo, outubro 10, 2010

Coisas de Outono...

Chegou o Outono e o que me vem logo à cabeça são castanhas e jeropiga. Portanto como estão a chegar os magustos e tal como em anos anteriores, postamos aqui fotos de um magusto do passado.


Este foi um magusto realizado em 1961 ou 1962 no campo da bola. Em cima as catequistas e em baixo os catequizandos


As fotos são de João Carlos Neves

51 comentários:

eu disse...

Havia mesmo muita criança no Sobral

Anónimo disse...

Não haverá engano na data?

Anónimo disse...

Talvez 1967, 1968?

Antonio Lopes disse...

Foi antes de chegar a luz eléctrica...
Daí para cá, nunca mais houve assim, pequenada.
É pena.Com a qualidade dos nados no Sobral, o País ficou a perder muito.

Mariita disse...

Só posso dizer que fiquei enternecida a olhar para estas imagens e agradeço de todo o coração quem as deu a conhecer. Vejo nas catequistas rostos familiares, mas não arrisco nomes... nas crianças, se o ano é 61/62, como refere, aposto que também lá estou... Requer-se ajuda para desvendar...

virgilio neves disse...

olá pessoal,admito agora que as fotos estejam mais para o ano de 1964/65. o meu sobrinho João Carlos enviou-me uma coleção destas relíquias.É filho do meu falecido irmão Henrique e da Lurdes,que em solteira foi criada do(seu tio)Padre Rey Barata.
em 3 Maio de 65-Domingo- o petiz nasceu,e pensei que não houvesse mais "doutrina" por falta da catequista, mas por azar o padre arranjou-me logo outra(por sinal também m/cunhada)-Hermínia Saraiva(falecida)que teve que ficar c/ duas turmas até ao fim da catequese nesse ano.
Na foto das catequistas,reconheci-a de pé em 3º lugar da esquerda p/ a direita,ao lado da Olívia que tem um garrafão de 5 litros aos pés.De pé ainda reconheço a Maria Paiva e agachada ao centro a Judite e atrás(bem ao centro) a sua mãe.
no campo da bola onde foram feitos as fotos lembro de ter comidi arroz de cabra(ou cabrito) na festa da catequese e magustos na altura certa. pelas roupagens da garotada, esta deve ser de magustos.
sem mais coments----recordar é mesmo viver.
saudações a todos.
e quem me diz a mim que as fotos não foram tiradas pelo n/ grande sacristão Fernando Paulo? Ele deve saber.

Serranita disse...

Parece-me que a minha mãe tb está na foto,na fila da frente, será?

Anónimo disse...

Aqui está uma marca da sociedade do Sobral e não só, da década de sessenta, particularmente ao nível juvenil, dividida entre estudantes e não estudantes e entre rapazes e raparigas. Também deve haver uma fotografia dos rapazes que talvez tirasse as dúvidas. A dificuldade de identificação é óbvia porque quem mais frequenta este blogue são antigos estudantes. Esta fotografia foi tirada em mês de aulas.

virgilio neves disse...

Sim anónimo.Pelos casacos de malha das catequistas e as mangas compridas da garotada,calcula-se que a foto seja de um magusto.(1º de Novembro) e por conseguinte tempo de aulas.

virgilio neves disse...

Serranita, se houver garotas de 11 anos na foto, a tua mãe poderá ser uma delas...

Serranita disse...

Pois, não sei, Virgilio. Aquela que nos parece a minha mãe, estaria na 1 fila e não tem nada ar de 11 anos!

Mariita disse...

Serranita, Pode ser que a tua mãe se lembre do convívio. Eu se estive, a minha memória não chega lá, por agora. Ainda que haja uma catraia bem parecidita comigo (ao tempo) na 2ª fila... mas se as fotos são depois de 64, já não estava de certeza...

Anónimo disse...

paresseme conhecer a olinda do samuel a maria do val torno a fatima pretita a maria e a matilde da almerinda a professora etelvina e tudo

Anónimo disse...

paresseme conhecer a olinda do samuel a maria do val torno a fatima pretita a maria e a matilde da almerinda a professora etelvina e tudo

Anónimo disse...

paresseme conhecer a olinda do samuel a maria do val torno a fatima pretita a maria e a matilde da almerinda a professora etelvina e tudo

Anónimo disse...

Contei setenta pessoas na fotografia 2, algumas, mais nítidas outras, menos.
Na época, meia centena de crianças do sexo feminino frequentava a catequese. É pena que não apareça a esperada fotografia das crianças do sexo masculino, talvez menos. Dezoito catequistas indiciam uma centena de crianças na catequese e também na escola.
Passados quarenta e cinco anos, todos/as, os que são vivos, já dobraram os cinquenta anos, alguns atingiram os setenta e outros, os oitenta: são avós, bisavós. Assistiram a uma revolução política, económica, social e particularmente cultural, que rompeu com esta sociedade compartimentada em estados, idades, sexos etc.. Chegou a electricidade e a televisão e depois o 25 de Abril. Tudo mudou.
Não havia então nenhum rapaz catequista. Se os havia, tinham ido para o Seminário. Algumas destas catequistas recebiam aerogramas dos namorados na guerra do Ultramar.
Apesar de tudo, nesta aldeia, ao tempo, valia o colectivo. Na fotografia das meninas, algumas escondem-se tímidas, mas todas muito bem arranjadinhas, com os seus vestidos feitos nas costureiras da terra. Tudo muito certinho.
Desta gente, quantos percursos pelo mundo todo, França, Alemanha, Suíça, etc. e apesar do pão difícil de cada dia, na medida apertada do tempo, hoje, sobram as saudades de um colectivo aldeão que contradizia a compartimentação imposta.

Aluna da D. Etelvina disse...

Se a Senhora da foto for a professora Etelvina então,estas cianças eram as suas alunas da 1ª e 3ª classes do ano lectivo 1961/1962. A menina mais pequena da 2ª fila parece ser a Sara e ao seu lado esquerdo talvez a Gonçalvitas (irmã do Abel).Uma das meninas de preto parece a Maria Pinto (Marquitas) e a 1ª de preto julgo ser uma filha da ti Delfina(Pecada).

Anónimo disse...

A última interpretação da segunda fotografia, mais centrada na Escola do que na catequese, pode fazer repor a data inicial 1961/1962. estas meninas teriam entre os 7 e os nove anos e multiplicaria por dois o número das meninas na escola pois nesta caso faltariam as meninas da segunda e da quarta. E seria o primeiro ano do Padre José Rey Barata na freguesia.

Anónimo disse...

De facto, assim, aceite o ano 1961/1962 e a escola, faz-se luz: nesta fotografia, consta a mãe da Serranita e outras meninas da Rua do Vale e da Quelha, como a Olinda, da Ponte, e a Marquitas e outras, das Vinhas e do Barreiro etc.. Curiosamente, parece-me que elas se agrupam na fotografia de acordo aos bairros em que moravam. Elas que confirmem.

aluna da D. Etelvina disse...

A mãe da Serranita, nascida em 1953, poderá estar na fotografia,mas no ano de 61/62 deveria estar na 2ª classe,caso não tivesse reprovado na 1ª.Assim sendo, nesse ano não era aluna da D. Etelvina.

Anónimo disse...

Também me surgiu essa dúvida. A interpretação pode ser seguinte. Aqui, estamos em 1 de Novembro de1962. Como era habitual. a Professora do ano lectivo anterior, 1961/1962, 1ª e 3ª classes, acompanha as alunas, aqui, na 2ª e 4ª classes, ano lectivo 1962/1963: anos em que houve desdobramento nas salas da escola, turnos de manhã e tarde, pois as quatro salas não chegavam. Todavia, deve notar-se que, naquele tempo, havia muitos alunos que reprovavam e confundem qualquer interpretação. Os rapazes da 1 e 3ª classes estiveram divididos entre O professor Daniel e uma Regente em 1961/1962 e juntaram-se todos na 2ª e 4ª classe, em 1962/1963, com o Prof. Daniel Mas há papéis e outros testemunhos que podem explicar este fantástico documento de uma aldeia de há cinquenta anos. Seguir estes percursos de vida nos últimos cinquenta anos daria uma extraordinária novela. Continua a ser verdade que,nestes anos,começou a sair o primeiro grande lote de alunos para estudar. Nos anos anteriores, tinha sido aberta a estrada e havia carreira todos os dias para a Covilhã.Tinham saído os primeiros militares para a Guerra do Ultramar e a emigração dos pais destas crianças para a França deixa à sua educação ao cuidado das mães. Passados poucos anos, algumas destas catequistas emigram também para a França e Alemanha e o sangue do Sobral derramou-se pelo planeta. Aqui, o Sobral antigo, de mineiros, lavradores e pastores, estava a chegar ao fim. Ainda não havia electricidade na terra e não tinha aberto nenhum café. Os homens encontravam-se na taberna e as mulheres ao soalheiro ou nos lavadouros da ribeira. Quase todos iam à missa em Latim, mas apenas comungavam dois ou três. A religião também estava a mudar com o concílio Vaticano II convocado em 1961 e terminado em 1965. No Sobral, um dos grandes obreiros desta renovação foi o Virgílio Ferreira, então seminarista, que tem sido esquecido, pois falta a rua prometida com o seu nome.

Anónimo disse...

A Mariita foi aluna da segunda classe em 1962/1963 e se estiver na fotografia confirma o que foi dito pelo anónimo anterior

Anónimo disse...

Duas rosas deram origem a 50 intervenções, mais ou menos veementes. Mais de 50 pessoas deram origem a 20, mais ou menos desapaixonadas. Não entendo. Será medo da memória, enfado da saudade?

Mariita disse...

A história das gentes da nossa terra, aqui muito bem retratada nas palavras de vários anónimos (ou será o mesmo), mas o que importa é que gostei muito do que li. Mais ainda, por tudo isto me fazer voltar ao tempo de vestidito arregaçado, calcorreando calçadas de sapatos na mão, ou pendurados ao ombro - porque com eles escorregava e pé descalço ia muito mais ligeiro…
A escola, já aqui falamos dela em "postagens" anteriores, com vivências a complementar, mas é importante voltar sempre ao tema, com todas as recordações que cada um de nós tenha, porque foi essencial para a nossa vida. A catequese, parte do "nosso maravilhoso mundo" que nos “moldava” o espírito, tentando fazer-nos despertar para o conhecimento de Deus e a essência da Fé. Um caminho importante, pelo menos para mim. Lembro-me que os grupos eram grandes, tudo “alinhadinho”, catecismos visualmente atractivos, com os cadernos de trabalhos práticos, que davam uma grande ajuda para decorar as orações, pois na “chamada ao Padre” tinha de estar tudo sabido na ponta da língua, senão não havia comunhão! Eu gostava especialmente das histórias que a minha catequista contava, embora algumas me fizessem uma certo “medunfo”… mas tudo isto fez parte do meu crescimento e só posso estar reconhecida, a quem tantas horas da sua vida deu, em meu benefício.
Ainda que não me lembre deste convívio, constato que a minha memória de muitas coisas da infância no Sobral está “nublada”… talvez porque andei a “saltitar” muito pelo Casal de Santa Teresinha, e mais uns tempos largos pelo Azinhal de Almeida. Na foto, na segunda fila, mesmo ao centro, está uma criança que é bem-parecida comigo, resta saber se sou mesmo eu…
Eu fiz a primeira comunhão em 24 de Setembro de 1961, de acordo com a minha lembrança da época e que já foi aqui colocada e podem se quiserem ver em:
http://1.bp.blogspot.com/_Gm756uR9iIQ/SAcPnt9leZI/AAAAAAAABLU/j1APXTncvwc/s1600-h/A_Recorda%C3%A7%C3%A3o_da_Primeira_Comunh%C3%A3o.jpg

Quanto ao facto de haver poucos comentários tenho a certeza que há muitos(as) visitadores(as), que ainda os não fizeram porque estão a tentar “juntar as lembranças”, para haver mais certezas. Se fosse possível ampliar com mais nitidez as imagens seria mais fácil, assim vamos aguardar que com a ajuda dos que revelam uma memória prodigiosa, ajudem a desvendar tudo.
Mesmo que isso não aconteça, jamais duas insignificantes rosas terão a importância que estas fotos documentam, de vivências. histórias e pessoas.

Anónimo disse...

Quem assim guarda as lembranças merece toda a admiração. Curiosa é a data da primeira comunhão da Mariita, em 24 de Setembro de 1961 Quer dizer, ainda com o Padre Pedro, que estava a sair. Normalmente, a primeira comunhão fazia-se e faz-se, em Maio/Junho, pelo Corpo de Deus. De facto, estas crianças também sentiram os efeitos de uma crise, que não puderam perceber, semelhante a algumas que ainda hoje acontecem, por haver párocos que marcam imenso as suas paróquias e ser dolorosa a separação mais ainda quando imposta por motivos estranhos: houve crianças com seis/sete anos que fizeram a primeira comunhão das mãos do Padre Pedro e depois voltaram à primeira classe do Catecismo com o Padre José Rey Barata.
A propósito de padres, os republicanos sobralenses têm motivos para celebrar o regime que está a comemorar os 100 anos já que o seu pároco, de 1910 a 1921, Pe. João Taborda dos Santos, foi dos poucos a aderir cedo às disposições do regime sobre pensões eclesiásticas.

Anónimo disse...

as mossas que estao nafotografia saao as alunas da professora etelvia da primeira classe e daterceira calss forao as que nasserao en 1952 e em 1954 e e a classe de 1961/62as de 1952 que eu lembro sao maria do valtorno a fatima molata,maria da tia almerinda a marquitas de tras da igreija ,olinda dalaije porque uma delas sou eu as da primeira classe so me lembro de uma a matilde da tia almerinda

Mina disse...

Somos a nau catrineta que tem muito para contar:(Já somos um bocadinho velhitos!!) Não, Não!!!
Sem dúvida que o grupinho da fotografia são realmente alunas da professora Etelvina. Dos nomes acima referidos também reconheço alguns rostos, assim como a Sara a Jacinta, a Olinda e a Marquitas. A mãe da Serranita não está na foto. Nós fizemos o percurso primário desde 1960-a-1964. Concluímos a quarta classe com o exame feito na cidade da Covilhã, no dia 4 de Julho de 1964.(revelo aqui um segredo: foi a 1ª vez que fui à Covilhã e que vi o 1º comboio). A nossa professora foi a Drª Otília natural da Covilhã, que a certa altura adoeceu e tivemos em substituição a tal professora regente que era má como as cobras. Penso que era professora dos rapazes,mas nos intervalos vinha ver de nós. Uma vez chegou lá e apanhou-nos à rilha em cima das cadeiras, escusado será dizer que não nos livrámos de apanhar com a vara e algumas reguadas. Lembro-me bem porque me doeu! No entanto, recordo com muita alegria esse tempo e toda a caminhada escolar, bem como o ensino da catequese no tempo do Padre Pedro,o que tudo contribuíu, como um grande pilar para a nossa formação futura e nos ajudou a sermos os grandes homens e mulhares de hoje.Enfim a vida é feita de retalhos e tal como diz o anónimo, sobram-me as saudades de um colectivo aldeã, que faz parte das nossas vidas. A minha geração pertence à viragem da mudança, da revolução,das novas tecnologias, mas também de muita coisa má. Enfim, nem tudo é perfeito. Mas, apesar de tudo, devemos sentirmo-nos orgulhosos daquilo que eramos e do que hoje somos.

Mariita disse...

Aos poucos lá se vai desenrolando o "novelo"... seria interessante conseguir assinalar na foto os nomes de cada uma e voltar a colocar. Mina, gostei da "nau catrineta"!

Serranita disse...

Mina, obrigada! :) A minha mãe tb falou da professora "má como as cobras", que a fechava num armário, o que fez que a minha mãe ficasse com medo de ir á escola. Também contou que nesse ano os rapazes que foram à Covilhã ao exame da 4 classe,iam de nádegas negras e orelhas derreadas!

Anónimo disse...

A didáctica da dita regente, cujo nome não lembro, foi aprendida na ponta da reguada. No Inverno de 1961/62, a ribeira encheu e a maldita régua foi-se na cheia. Mas houve vítimas inocentes. Os rapazes da terceira classe foram os autores e as vítimas os da primeira classe, com uma régua substituta. Coisas dos tempos.

Anónimo disse...

Se bem me lembro, enquanto a régua não foi substituída, a dita arranjou uma espécie de vara boieira para exercer o seu poder tirânico sustentado em pancadaria. Obviamente a palmatória era uma instituição secular que ela não fundou.Todavia contrariamente à mãe da Serranita, sempre gostei mais da Escola do que da Catequese. Era mais fácil aquentar a pancada do que o terror infernal da igreja fundado na dificuldade da Salvação e em um Deus menos bondoso do que a dita regente. Os tempos eram de medos que também chegavam àquele cantinho do Sobral, por vezes na forma da GNR e de outros invisíveis tentáculos do regime salazarista.

Anónimo disse...

Caro anónimo anterior,
Sê um pouco mais bondoso com a dita regente que, porventura, te ensinou as primeiras letras e a somar, diminuir, multiplicar e dividir. Agora, que já experimentaste a vida, imagina como seria a daquela mulher na força da juventude, reprimida e desterrada nesse fim do mundo, longe da família, sem outros afectos, onde havia duas ou três telefonias para os homens ouvirem o relato da bola, tabernas onde não podia entra, apenas um pedaço de broa e uma sopa de couve, alguma batata e dois ou três feijões e pouco mais na alimentação quotidiana e, no caso dela, nem o encontro de vereda, caminho, soalheiro,lavadoiro ou moinho, das mulheres da terra, para uma conversa daquelas em que tudo vinha à colação, sem medo da PIDE de que quiseste falar acima. As pancadas dela não mataram ninguém e alguns e algumas bem as mereciam. A mãe da Serranita exagera. Aquelas reguadas e pancadas Eram um protesto contra aquele degredo e aquela limitada vida e muitos aproveitaram.

Serranita disse...

Caro anónimo(s): Entendi tudo muito bem, só não gostei desse "a mãe da serranita exagera". Simplesmente pq não foi ela que escreveu, nem saberá que o fiz. Tomei a liberdade de escrever por histórias ouvidas. E vários comentários anteriores, falam da "bondade" da senhora. Não foi bonito sobrepor uma opinião a outra, indicando um "exagero". Politicamente correcto poderia ecrever "exageraram todos" ou: "não era bem assim" e justificava.
Talvez fosse a pedagogia de outros tempos, mas quem a viveu, viveu-a e guardou-a da forma que mais a marcou. Possivelmente a sensibilidade feminina duma criança de 6 anos registou de forma diferente do que registaria uma criança da mesma idade, mas do grupo dos másculos rapazes, dos "que não choram" - se é que nessa idade já se manifestam essas diferenças. Assim como é diferente olhar as mesmas situações já com um montes de anos em cima, onde se podem perceber coisas que nem se questionavam e arranjar justificações. Mas o que se guardou, o que sobreviveu ao passar do tempo, foi o que se viveu ao tempo.
Se com 6 anos,no meu primeiro ano de escola, alguma professora me fechasse dentro dum armário, me deixasse ali a gritar e bater até que se dignasse a abrir as portas,para divertimento geral ou até para libertação de qualquer frustação, de certeza que não guardaria boas recordações!(Mesmo que até houvesse alguma razão para o facto,de certeza não seria um crime tão grave, que umas palmadas não punissem!)

Mina disse...

Sr anónimo(a),
Não concordo com as suas palavras, quando defende a acção de agressevidade da professora, com o argumento de que aquelas reguadas e pancadas eram protesto contra aquele degredo de vida naquele fim do mundo. Tenho em meu entender que ninguém nasce mau.
Mas acontece que normalmente guardamos na nossa memória bons e maus momentos. O que aconteceu comigo foi que guardei uma má imagem de uma professora, que nem sequer lembro o nome, nem de onde veio.
Por mim ela está perdoada,cedo aprendi que o êxito não se mede só pelo que facilmente conquistamos, mas sim pelas dificuldades que conseguimos ultrapassar. Grande maioria dos jovens do Sobral, naquele tempo também passaraam dificuldades,mas é certo que logo que lhes foi possível, também eles tiveram que procurar outras paragens à procura da sua indepência financeira e da sua formação pessoal á custa de muitos sacrifícios, designadamente trabalhando e estudando. Por isso nunca posso concordar com a "porrada se refilares".

Anónimo disse...

De facto, o último anónimo exagerou ao querer justificar as reguadas dos professores. E fechar uma criança num armário não lembra ao diabo! Se fosse hoje, dava reportagem para todos os canais da televisão. Mas naquele ano a RTP que já existia, a preto e branco, andava ocupada com o Benfica, campeão europeu. E do Sobral quem quis ver teve de ir até Silvares.

famel disse...

Nos dias de hoje, acho que uma professora assim é que fazia falta em muitas escolas...

Anónimo disse...

O progresso pôs os alunos a bater nos professores, será que agora são os protestos dos alunos desterrados e devida limitada? Ou será que se aplica a máxima, fica-te para aí mundo cada vez pior? Que é preciso ter pulso forte para se ser professor numa altura destas é!!

Serranita disse...

Que famel radical! :) Concordo que actualmente é preciso os professores terem pulso para os alunos,senão estão bem tramados!E então quando os miudos entram na idade do "quero posso e mando", lá pela adolescência, é de fugir!Conheço casos bem difíceis! Mas o princípio de tudo será a família em casa saber educar!

Aluna da D. Etelvina disse...

Recordo que a professora regente era de Verdelhos e morava à Ponte.Quanto ao comportamento e atitudes por parte da mesma para com os alunos não devemos fazer ponto de culpa mas atender às circunstâncias em que aconteciam.
Sendo prof.regente as suas habilitações eram mìnimas,a didáctica,a pedagogia ou a psicologia eram palavras que possivelmente não existiam no seu vocabulário por isso,a técnica e a arte de ensinar seriam nulas. Devemos ter em conta que nesses tempos ,tal como hoje, existia a avaliação de desempenho das regentes, sendo menos rigorosa por parte dos inspectores,do que a dos professores, não deixava de revelar que o trabalho nem sempre tido como satisfatório e, em alguns casos a existência de uma avaliação negativa levava à exoneração do cargo. Além desta situação, havia os exames nacionais e na sede do concelho, daí que seja fácil concluir o esforço tremendo que a senhora tinha para preparar 20;30 ou mais alunos,alguns sem interesse, mas,desejando que brilhassem no exame onde não havia facilidades, com professores totalmente desconhecidos e muitos deles desejosos de esticar o mais possível as criancinhas.
Hoje, submeter os alunos do 4º ,5º,6º ou 9ºanos àquele tipo de exames,muitos diriam que era um crime,outros acrescentariam que o Ministério da Educação estava a traumatizar as crianças deste país que anda à deriva.

Anónimo disse...

Na década de cinquenta, tudo mudou. Salazar deu-se conta que já não podia apresentar internacionalmente a taxa de analfabetos com que Portugal contava. No nosso país tudo se faz por ondas e não em planos rigorosos e bem executados. Não havia professores suficientes e foi necessário recorrer aos regentes. No dito caso, não me consta que alguma vez a Sr.ª Regente tivesse os alunos da quarta-classe que faziam exame na Covilhã, ela dedicava-se à primeira e terceira classe e, maugrado a pancada, os alunos dela aprendiam e bem. No Sobral do tempo, quase todas famílias eram modelares por influência da igreja e raramente se punham casos de indisciplina. Então, as mães eram fantásticas. Concordo com a Serranita que a disciplina das crianças decorre da família e, embora os modelos desta estejam hoje em profunda transformação, as crianças continuam a receber dos pais a melhor educação. Esta deve reunir tudo o que de melhor há: afecto, virtude, carácter, responsabilidade, trabalho, disciplina e verdade.

Anónimo disse...

Caro anónimo anterior, tocaste em assunto de extraordinária importância: saber e virtude, as duas vertentes da perfeição. Uma e outra encontram-se raramente em medida. Quando alguém sabe muito e é pouco virtuoso, em geral,resulta um monstro. Mais vale ser virtuoso e saber pouco, a condição da maioria dos humanos. Durante o regime de Salazar, os virtuosos que sabiam pouco não tiveram problemas. Quem sabia muito e não era virtuoso também os não teve, pois pôs o regime ao seu serviço. Mas quem sabia muito e quis ser virtuoso teve muitos problemas. O regime promoveu particularmente os "malandrecos" que a ele se adaptaram e dele tiraram proveitos. Ainda hoje, os filhos daqueles prejudicam a sociedade portuguesa. Infelizmente, os filhos do Sobral foram, na sua maioria, atirados para fora do país, que pouco fez por eles e, afinal, também os não merecia. Aquele maldito regime continuava a deixar sem atendimento médico permanente as grávidas, as crianças e os idosos em um tempo de grande desenvolvimento planetário. Tirou-nos da Segunda Grande Guerra, mas não da morte escondida quotidiana e da Guerra Colonial.

Anónimo disse...

Caro anónimo anterior, e quantas coisas mais tu esqueces. Uma estrada que acabava no Souto Negro, uma Câmara Municipal que antes preferia embelezar o Pelourinho do que investir em comunicações e electrificação das aldeias, a assistência médica entregue à bondade do Dr. Cândido, etc. etc.. Por falar em Dr. Cândido, este homem merecia mais uma estátua no Sobral do que o rei D. Luís a merecia na Covilhã, sobretudo em ano de comemoração Republicana. Os deuses andam loucos.

Anónimo disse...

Caros anónimos,e quantas mais coisas esquecem vocês? Uma Câmara actual que agora só existe para levar o dinheiro aos Sobralenses, àgua mais cara, taxas e mais taxas, incluindo as de uma etar que não funciona.

Anónimo disse...

Caro Anónimo anterior
Naquele tempo, que foi o meu tempo, talvez o teu, não havia almoços de graça. Todos ajudavam na faina agrícola. Não havia canto que não desse pão, batata, feijão, hortaliça e vinha etc., chamemos-lhe o tempo da broa que alguém aqui já trouxe à colação. Naquele tempo, aquelas esbeltas moças acima ajudavam a cavar, a regar, etc.. Por sinal, até as crianças colaboravam nas tarefas campesinas, antes e depois da escola e nas férias. Todos mereciam o pão que comiam. Aquelas moças acima ainda aprenderam a cozer a broa nos fornos da aldeia, por vezes, algum centeio. O pão de trigo era um luxo. Deus dava-lhes o pão regado de suor. O pão de trigo chegou com os muitos tormentos da emigração, no frio do Canadá, na exclusão social de França e da Alemanha, nos trabalhos mais duros. Mas cada um comia o que era seu. Entretanto, houve a Revolução, que foi bem vinda, mas alguns começaram a comer pão-de-ló sem o merecer. Nisto a classe política tem a maior responsabilidade pois, esquecendo a máxima que não há almoços grátis, conduziu o país para a miséria, em que se encontra, de mendicância e irresponsabilidade. O tempo da broa acabou, o do trigo também e o do pão-de-ló adquirido com o dinheiro dos outros afinal também, como notaste, caro anónimo anterior. Infelizmente, a maioria dos membros da classe política criada em Abril merece pouco o país que Afonso Henriques quis fazer neste canto da Península e vai daí encheu-se de benesses, sem haver recursos para as pagar. Ao fim de poucos anos, muitos levam lautas reformas de parlamentares, outros de governantes, outros do banco de Portugal etc. Os novos tempos que aí vêm de vacas magras hão-de mostrar-nos a ignomínia de um pais governado por insensatos.

sobralense ausente disse...

Quem advinhava , que estas fotos de crianças e moças de há 50 ou + anos ,
dariam tanta inspiração aos muitos
anónimos ,ou são sempre os mesmos?!

Adorei ver estas fotos das quais faço parte, mas não me recordo de datas ,ou qualquer outro promenor, só quero adiantar que, se as catequistas fazem parte desta concentração,as crianças são as
da catequese e não somente as classes escolares da D.Etelvina.
É que esta tambem era catequista ,
daí a razão de participar nestes magustos(?)

De passagem disse...

Não conheci nenhum mérito especial ao Sr. Dr. Cândido, para ser digno de uma estátua no Sobral. Ele era pago para nos servir, algum favor que fazia era sempre a troco de presuntos, cabritos, ou outros géneros. Era dito pelo povo." Não era Teresa de Calcutá".

Anónimo disse...

Caro de passagem, que dizes o que disseste, geralmente, os sábios, os profetas, os benfeitores dadivosos e os santos nunca são da nossa terra. São sempre todos de bem longe. Na nossa terra, geralmente, mais fixamos o mal do que o bem que nos fizeram, mas eu sempre entendi que, nas limitações da nossa, sempre houve e há gente muito, muito, muito boa. Eu conheci o Dr. Cândido, testemunho a sua bondade e garanto-te que há quem tenha recebido isso que dizes merecendo-o bem menos do que ele, que não me lembro que ele o precisasse ou pedisse alguma vez.

F.Paulo disse...

È possível que seja eu o autor destas fotos,já que desde muito cedo tive acesso a Máquina de tirar Retratos.Penso que elas se referem ao primeiro magusto organizado pelo Reverendo Padre José Rey Barata,um mês após ter tomado conta do Rebanho no Sobral.A ser verdade,estas fotos marcam a estreia no Sobral de uma bola de Futebol a sério,uma Furacão nº.5 vermelha,de válvula como as que há hoje mas mais forte e pesada e que fez a alegria da pequenada por muito tempo.Como Sacristão, eu era o dono da Bola.Aí está a resposta para os garotos não estarem na fotografia.Eles corriam desalmadamente atrás de Nova Bola.Quer-me parecer que começou aqui a saudável relação Pároco/juventude que tanto contribuiu para o desenvolvimento de novas formas de estar na vida em que o Sobral deu cartas nas décadas de sessenta e setenta.

Anónimo disse...

E porque não aproveitar o novo pároco para fazer estreitar novamente essa relação?

Anónimo disse...

E com a nova bola, chegamos ao comentário n.º 50, que me cabe. E fica o paradoxo desvendado: a uns a bola põe-nos na fotografia a outros a bola tira-os da fotografia. Venha outra destas e tentaremos, de novo, chegar à meia centena de doutos comentários como os que ficaram acima, para todo o planeta, sem agressões de qualquer índole, entre gente bem educada, mesmo anónima Parabéns ao fotógrafo. Já agora proponho-lhe o título para um livro, que podia ficar on-line: Memórias de Sobral de S. Miguel nas fotografias do F. Paulo. Creio que abrangeria por completo os últimos 50 anos e podia ser feito com múltiplas contribuições.

Anónimo disse...

Recordar é viver.
Relembrar é renascer.

Obrigado!