terça-feira, outubro 26, 2010

Sobral na tela III

Cá está retratado na tela mais um olhar sobre o nosso Sobral.
Este recanto é mais um dos muitos partilhados pelo leitor Gabriel Santos.


Mais uma vez agradeço e reitero o apelo para que nos enviem mais fotos do Sobral na tela.

8 comentários:

Mina disse...

Olá, professor Gabriel. Tinha esperança que viriam mais obras de arte, para partilhar connosco afim de serem devidamente admiradas, como merecem. Parabéns e bem-haja por nos brindar com retratos tão belos da nossa terra a que tem dedicado o carinho próprio de quem se sente honrado de a ela pertencer. Continuamos à espera de novos brindes tão valorosos como os que já nos presenteou.

Anónimo disse...

Os meus agradecimentos por palavras tão simpáticas.
Trata-se de um simples trabalho feito à sombra da roda da Eira, nas horas mortas em que olhava pelo motor enquanto minha mãe regava. Era um lugar maravilhoso, com o casario em frente, belíssimo anfiteatro natural, onde se sentia pulsar a vida sobralense.
G Santos

virgilio neves disse...

Tive o grato prazer de ser obsequiado pelo autor com uma outra aguarela da mesma fornada.
Dormi algumas sestas embalando pelo ronron do motor de rega, mas do que eu gosta era da "cantilena" metálica da roda da nora com seus alcatruzes subindo e decendo, ora cheios ora vazios.Penso até que terá sido das primeiras coisas que vi e dos primeiros sons que ouvi, quando me levaram pela primeira vez à janela,naquele fim de Primavera,em 1956.
Saudações Gabiel.

sobralfilho disse...

Olá, Gabriel,

Do motor não me lembro. Mas lembro-me de alguém a "tocar a roda" (como se estivesse num tapete rolante) para que os púcaros enchessem e esvaziassem a água na levada.
Um abraço

Anónimo disse...

Olá Virgílio

Folgo em saber que o meu suplício de Tântalo serviu para alguma coisa. Andava, andava, nunca passava do mesmo sítio. Pouca água traziam os alcatruzes mas o suor compensava o débito.
Mas a cantilena metálica transformava-se num mini concerto. Se não ficaram saudades do suor, ficaram do barulho da roda, acompanhado dos sons que vinham da aldeia, onde não faltava um rãdio em alto volume que debitava as suas canções. De mães chamando os filhos, algumas conversas de soalheiro e, ocasionalmente, umas vozes mais iradas. A aldeia era um corpo estuante de vida, numa eterna juventude com séculos de vida. Agora parece que a velhice lhe caíu em cima. Mais silenciosa, adivinha-se menos movimentos. Falta-lhe os risos das crianças e suas brincadeiras.
Tenhamos esperança de que um dia, com mudança de mentalidades, em que os governos sejam mais equânimes a distribuir os dinheiros públicos, o interior renasça. E os risos das crianças voltarão ao Sobral. Sobral voltará a ser jovem.
Pois é António, o motor foi uma modernice.
Por interesante que fosse o "tocar a roda" as pernas dos "tocadores" começavam a ficar cansadas. Uns chamar-lhe-ão progresso, outros, velhice.
G Santos

Mariita disse...

Só posso dizer: abençoadas as mãos que tão belo fazem! Bonito o quadro e também as palavras do professor Gabriel. Bem-haja, pela partilha.

Anónimo disse...

Adorei o quadro!!!!!!Parabéns ao autor!!!!

Mina disse...

Sim, naquele passear, sempre no mesmo local andante, o esforço do trovador que fazia os alcatuzes cantar, era enorme. Mas, se bem me lembro, havia, de vez enquando um "passa", e outro caminhante de tal rodado, vinha continuar, para que a mesma música de alcatruz continuasse a ouvir-se naquela plateia multicolor que dali se avistava encosta acima, até onde os olhos chegassem.
E ao som daquela música e do chilrear dos muitos passarinhos que naqueles tempos ainda nos acompanhavam, tudo constituia um grande quadro cheio de natural beleza, de que hoje, só perece termos recordações.