segunda-feira, novembro 21, 2011

O "Olho" do Vale

Que momento tão bem captado pelo nossa leitora Olivia Marques... como ela diz e bem, parece o "Olho do Vale"
O que vos sugere?

34 comentários:

Anónimo disse...

As histórias da rua do Vale, a caminho da escola, a ribeira, e tantos nomes e tantas vidas, dão um romance. Só que, agora, os romacistas querem vender, vender, vender, esquecem a arte das pequenas coisas, e põe as suas histórias em cidades grandes.

Anónimo disse...

Perspectiva poética:

Gosto tanto dos teus olhos
Ainda gosto mais dos meus
Pois se não fossem os meus olhos
Não podia ver os teus

Anónimo disse...

Perspectiva ambiental:

O olhar da ribeira parece-me alegre.
Condiz com a notória melhoria ambiental que se vem verificando, fruto da melhoria das condições sanitárias e também, é preciso dizê-lo, de uma melhor consciencialização de que a ribeira faz parte do nosso ecossistema e que deve ser preservada.

Anónimo disse...

Perspectiva histórica:
Precisamente ao lado direito da pestana superior havia um lagar e ainda existe um moinho.
O lagar desapareceu, fruto do despovoamento do interior e também da inviabilidade da actividade que aí era exercida.
O moinho (de vários comproprietários) ainda funciona, mas por quanto tempo mais?

Anónimo disse...

Perspectiva trágica:
No lugar da ponte cujo reflexo forma o olho que se pode imaginar existia um pontão.
Foi desse pontão que nos anos 40 ou 50 caiu um miúdo, o qual foi levado na corrente. Disseram-me que só alguns dias depois foi encontrado morto lá para a Ribeira de Porsim.

Anónimo disse...

Perspectiva humorística:

A ribeira (ou o ribeiro)despede-se do Sobral. Antes da curva do Lagar Fundeiro, situado na confrontação entre a Rua do Fundo do Lugar e da Rua do Vale, pisca o olho esquerdo aos (às) sobralenses ...

Anónimo disse...

Perspectiva musical:

Águas das fontes, cantai,
Oh ribeiras, chorai!
Que eu não volto a cantar.
(Canção do Zeca Afonso)

Anónimo disse...

Micro-perspectiva:

A iris (ou menina dos olhos) é feita com o alvanel dos Jerónimos.

Anónimo disse...

Macro-perspectiva:
A água entancada reflecte uma das maiores desgraças das aldeias do interior: a substituição da arquitectura tradicional por construções de mau gosto, ao estilo daquelas que o dito Eng. Sócrates apresentou (ou aprovou), quando exerceu funções na Câmara da Covilhã.
É precisamente a água que consegue reflectir o tijolo nú de uma casa, a par da parede de xisto que se manteve na outra.

Anónimo disse...

E nestas perpectivas todas, decerto, por anónimo decoro, faltaram as gentes, quem fez aquelas paredes, plantou as figueiras, limpou as levadas, moeu o grão, apanhou peixe, enxotou galinhas e patos,cantou, gritou, amou e odiou.
Nomes, só os do Zeca e o do Sócrates e
Nem um nem outro dizem mesmo nada ao Lugar e neste caso estragam um belo texto.
Aquele olho, se fosse eterno, via ali o Ti Abrantes, o Ti Alfredo, o Ti Zé Augusto, O Ti Laurentino, o Lino e o Vicente, o Zé Sócio e todos os Tós, Zés e as Marias do Lugar.

guieirolas disse...

Parabéns, Anónimo!!! Análise Genial...

Anónimo disse...

"Perspectivador":
É óbvio que existem muitas outras perspectivas a partir das quais podemos partir para a análise de outros problemas.
Se quisesse puxar ao sentimento, diria assim:
Se o observador se puser do lado oposto verá que as águas vertem do entanque da água como lágrimas de quem chora os que partiram para o outro mundo ou para outros mundos. E apesar de a água ser, na aparência, inodora e incolor, oculta (como nos produtos homeopáticos) o suor de tantas centenas de sobralenses que lecvantaram as paredes dos "chãos" ou das "lezírias" que vão do povo até ao cimo da Cabrieira, do Carvalhal ou do Carvalho. Ou ainda as lágrimas daqueles que partiram para outras terras e daqueles que ficaram. Ou também as das centenas de homens do Sobral que trabalharam nas Minas da Panasqueira, ou das viúvas ou órfãos que ficaram.

Anónimo disse...

Perspectiva cigana:

Eu te baptizo
Nesta Ribeira
Que tenhas o olho vivo
E a perna ligeira!

Anónimo disse...

Perspectiva de um lieboeta:
Nunca digas "desta água não beberei".
Ai bebes, bebes! Mas apenas depois de ser caldeada com os poluentes das Minas da Panasqueira, misturada com os resíduos da bacia do Zêzere, culminando com uma dose de cavalo de cloro na estação de tratamento, depois de estar encharcada na Barragem do Castelo do Bode.
Ao fim e ao cabo, quando abres a torneira, apenas extrais uma vaga lembrança da pureza das águas da Serra do Açor. Para além do oxigénio e do hidrogénio que constituem os dois elementos essenciais (H2O), acabas (acabamos) por beber uma quantidade de aditivos.

Anónimo disse...

Isto está a animar, caros anónimos, embora todos saibamos quem somos, de onde viemos, menos, para onde iremos, depois da morte certa. O perspectivador deu-nos o mote e olhando de jusante para montante, de olho às avessas, perdida a perspectiva inicial, viu lágrimas a jorrar. O Lisboeta viu a água pura poluída, eu vejo um entanque mal amanhado e em perspectiva crítica, a todos os entanques e estanques, bem melhor se teria feito uma piscina integrada em espaço de entretenimento bem cuidado, quando houve dinheiro,vamos ser francos, digamos sem poesia, apesar da rima, do que aquela porcaria de que há correspondência em Casegas. Faltou ambição aos nossos autarcas. E o Alberto João Jardim levou tudo, ficou-se a rir e nós a pagar com língua da palmo e sem avanço nenhum no tempo. Bem melhor estava a geração que, há cinquenta anos, fazia do Poço da Foz da Portela a melhor piscina do Mundo

virgilio neves disse...

Perspectiva ecológica:

S.João aqui passou
com uma cruzinha na mão
se esta água tiver pessonha
que não me chegue ao coração.

(depois era ajoelhar,curvar e saciar a sede.)

virgilio neves disse...

Confidência de um "natural da rua do Vale":

Durante os 14 anos que morei na rua do Vale,sempre que à noite cruzava o Barroco do "Jerómino", tremia de medo do Lobisome que lá vivia.
Passa na esgalha e sem olhar para o lado.

virgilio neves disse...

passava

Serranita disse...

Água inspiradora! Assim dá gosto vir ao blogue!

Anónimo disse...

Verão no Sobral com Rolling Stones:
Não, infelizmente, este grupo não veio ao Sobral.
Mas foi com as "roling stones", ou seja, com as pedras roladas retiradas da ribeira, que foi construído o moinho que se vê no lado direito. Foram essas mesmas "roling stones" que carreguei numas férias de Verão, quando uma parte do moinho teve de ser reconstruído, depois de ter caído no inverno anterior.
Pedreiros (não os da Maçonaria): Ti António Rodas e Ti António Abrantes e este humilde ajudante.
Na falta do Programa Erasmus ... férias no Moulin Rouge (ruge, de facto, quando a água passa pela caleira, faz rodar o rodízio que, por seu lado, faz rolar a mó de cima).

Anónimo disse...

As pedras do Sobral alapam ou assentam, não rolam. Só no Paul, desde o princípio dos tempos, as pedras rolam. No Sobral, mesmo as que moem vêm de fora. Os Stones do Sobral tocavam ferrinhos e sanfona. Mas essa do moinho que ruge não deixa de ter graça. Querias então ir até Paris, fazer Erasmus, e estudar Filosofia, da que moe, antes de mostrar as essências das Coisas? Oh meu amigo a caverna do Platão, só mostra sombras, e as coisas eas suas essências passam ao longe.

virgilio neves disse...

Acho que sei quem é o anónimo(penúltimo)ajudante dos reconstrutores do moinho)do Vale.
De facto a nossa ribeira não é muito fértil em rebolos,embora lá tenhamos um Reboleiro.Os pouco seixos que por lá havia eram de quartzo e não graniticos como os do Ourondo e Paúl. Ao contrário das lagieiras,que as mulheres encamavam para fazer de estendedouros para corar a roupa, e que eu às vezes esborralhava à cata de trincaldos/quase mini-rãs ou minhocas para o anzol.

Anónimo disse...

Meu caro virgílio,
Com uma margem de erro de 1 em 5, nomear-te-ia os anónimos que aqui colaboram. Todos gente séria, bem formada,sem presunção, e sem vontade de atirar pedras a ninguém, portanto, em atitude formadora. Mas ainda são poucos,esses talentosos anónimos. Alguns desdobram-se como o Fernando Pessoa. Daí, parecerem muitos.

Anónimo disse...

Caro virgílio
Deve haver por aí geólogos que sabem mais do o curioso que eu sou. Os nossos seixos são formados por quartzito, o quatzito tem algum quartzo, mas de forma impura. Até nisto somos uns tesos.

Mina disse...

Parabéns Olivia Marques, pela bonita fotografia que partilhou connosco. O blog está agora a renascer,fico contente por isso.

Anónimo disse...

É verdade que as pedras da ribeira não rebolam. Mas que levam umas grandes cambalhotas desde que se desprendem da rocha, ai isso levam. Tanto que se arredondam as arestas.
Podemos dizer, pois, que, tal como na anedota do crocodilo que é "um pássaro que voa muito baixinho", as pedras da ribeira planam, mas de vez em quando dão umas voltas, logo, também rebolam.
Aliás, o batismo das rolling stones foi um mero pretexto para dois dedos de conversa (ou de teclado)que permita espairecer.
E, tal como nos exames, é preciso que se deixem umas pontas para testar a atenção.

Anónimo disse...

Ainda sobre as pedras alapadas da nossa terra. Quem observar as grandes pedras, que fazem os açudes da nossa Ribeira, só pode pensar que os nossos antepassados eram gigantes. Não o sendo, quantos trabalhos senhor para tirar uma levada e fazer uma regadia! A luta pelo pão de cada dia no Sobral foi a valer.

Anónimo disse...

Honra e louvor a esses gigantes, nossos antepassados, que tanto labutaram para alimentar (sustentar) as numeros as familias e dos (das)? quais, nos somos os descendentes.

Obrigada Olivia pela linda foto.

Anónimo disse...

no antigo pontao os garotos do val mandavam pedras para a porta da taberna do ti Pereira na rua do ribeirinho e so o Joao Reinaldo era capaz de la chegar

virgilio neves disse...

Não é que a distância(50/55 metros)seja muita,mas considerando a idade do rapaz(12-14 anos),e que a pedra tinha que subir 12 metros (aclive de 24%),já se podemos dizer que é um feito a ter em conta.
Nessa altura eu via muitas vezes o João.Era alto para os padrões do Sobral,daí os braços compridos para os lançamentos das pedras.
Quem sabe não terá sido um bom atleta no lançamento do dardo ou martelo.

Anónimo disse...

O blogue vai animado.
Recordando:o Paúl recebeu o segundo lugar no concurso " ALDEIA mais portuguesa de Portugal"porque tinha os calhaus rolados de granito e os Penitentes e o Sobral a boa lousa e as Ladaínhas mas,à época, não tinha"cunhas"porque os nossos antepassados primavam por valores de uma construção humana e de integridade invulgares.
Pela beleza do descrito em anónimos anteriores vai o meu abraço.

Anónimo disse...

Já agora: uma polémica, a do
O acento na palavra Paul.
Eu não ponho acento. Segundo as normas da gramática, Paúl não leva acento, mas os paulenses exigem o acento e, se assim é, eu far-lhes-ei a vontade. Na sua terra e no seu nome, mandam os próprios. Então, viva o Paúl com acento.

Mariita disse...

Grande "pinta" tem a foto!

Anónimo disse...

AS BELDADES DA NOSSA TERRA QUE SANTA BARBORA A PORTEJA . E NOS DEIA SAUDE PARA AS APRESIARE QUANDO ESTAMOS LONGE.