Imagens religiosas restauradas levam “chip” antirroubo
"Dez anos após a criação da Sudário, o agora ICSP está a estudar várias técnicas para precaver o roubo e fuga de peças de arte sabra para fora do país.
AS LUZES do ateliê do Instituto de Conservação e Salvaguarda do Património (ICSP), na Covilhã, estão ligadas... É tarde. Mas os técnicos continuam a analisar, limpar, restaurar algumas das dezenas de peças que ocupam aquele espaço. Como se de um hospital se tratasse as estátuas, cruzes, cristos, altares esperam pelo diagnóstico da “doença” que lhes retirou o brilho e glória de outros tempos.
Cheira a tinta e a madeira velha de castanho de um altar-mor secular que se prepara para ser restaurado. Neste ateliê encontramos mãos sábias de técnicos que trabalham afincadamente para restituir a peças de arte (na maioria sacra) a dignidade de outrora.
Dizem os técnicos especialistas “que o restauro de arte sacra é um processo complexo, pois a componente artística e histórica das peças devem ser acompanhadas pela relação da comunidade com as figuras religiosas”.
No meio do ateliê, aqui e ali, estão expostas dezenas de peças, como por exemplo, uma imagem de São Bartolomeu. “É antiga, mas está doente. A peça aguarda pelo diagnóstico para darmos início ao restauro”, revelam os técnicos Ricardo Silveira e Bruno Regueiro, sócios gerentes do ICSP. Mas não se enganem: a empresa não é um museu, nem tão pouco um templo ou mesmo uma galeria de arte. É simplesmente um laboratório de história, onde uma equipa de especialistas tenta preservar, identificar e cuidar da identidade e da história da região. Em poucos metros quadrados a sala do “bloco operatório”, como quem diz a mesa de conservação, está repleta de utensílios, muitas tintas de diversas cores que certamente vão ajudar a devolver o esplendor áquelas peças. A astúcia e o talento dos jovens restauradores fazem com que a passagem de qualquer peça pelo ateliê tenha um verdadeiro final feliz.
O trabalho é imenso e a lista de espera está bem espelhada pelo ateliê, que está repleto de imagens religiosas, quadros, crucifixos, retábulos, frescos, antiguidades raras, que foram moldadas no passado e aguardam pacientemente pela cura dos males do tempo."
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Pedro Silveira