sexta-feira, fevereiro 29, 2008
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
PARA TERMINAR FEVEREIRO, A ESTÓRIA DO MÊS
No longínquo ano de 1969 - no tempo em que o plástico ainda não tinha invadido as mais recônditas aldeias do nosso Portugal - no tecto da loja do meu pai (Ti Galhetas) podiam ver-se penduradas dezenas de vazilhas de esmalte azul e cor de cinza. De várias capacidades ,ele eram tachos, panelas,cafeteiras, fervedores,alguidares, baldes , bacias, jarros, sertãs,canecas, e até conchas para a sopa. E para fechar a lista também havia um grande sortido de penicos .
Por vezes, quando corria uma pequena corrente de ar, aquela loiça toda começava a balançar de levezinho e se houvesse silêncio na loja, podia ouvir-se um tlim-tlim harmonioso.
Na madrugada de 28 de Fevereiro, pelas 2 horas e 45, dormia eu no andar por cima da loiça, quando despertei dum sonho em que ouvia um estrondo a aproximar-se cada vez mais e me parecia ser familiar: o barulho dos carros de bois descarregados em corrida acelarada pela minha rua abaixo.
O ruído durou o tempo que no sonho me pareceu suficiente para percorrer a rua desde a porta do Ti Alberto Abrantes até ao largo onde acabava a calçada de seixos. Acordei e quis ir á janela certificar-me se o galope tão madrugador seria dos bois do Zé Lima ou do (Guarda-rios) ,mas logo senti o sobrado a tremer e o barulho a parar. O que se ouvia agora eram os gritos dos aflitos(vizinhos incluídos) mas eu deitei-me de novo e por momentos ouvi uma grande sinfonia de tachos e panelas.
Nas notícias do amanhecer já se falava num terramoto com magnitude calculada entre 6,5 e 7,2 graus na escala de Richter . Eu com 13 anos quase feitos era o pastor da casa por isso fui mais cedo para o Casal da Pires ver se o curral das cabras e palheiro teria aguentado o " tremor de terra " . Nem uma lage caíra do telhado , mas a porta do curral estava escancarada e as cabras assustadas aninhavam-se a um canto . Ao verem-me soltaram o berro e vieram uma por uma lamber-me as mãos á procura da côdea habitual.
Á noite, na taberna, só se falou do terramoto e enquanto todos os fregueses se despediam e meu pai se preparava par fechar , contei ao Ti Zé Hermínio que o "estremecer da terra" de tanto esbalourar, soltou a tranca do curral e abriu a porta ás minhas cabras, mas que elas não saíram de lá mesmo tendo á frente uma lezíria semeada de centeio. Pareceu-me que tinha acreditado mas enquanto se preparava para ir embora, disse-me baixinho que esse tal " estremecer da terra" também lhe tinha semeado no Cadaval o resto duma
lezíria de batatas despejando-as nos rêgos e espalhando-lhes a terra por cima. E mais, que o "incinho" de espalhar o esterco que tinha ficado espetado de pé, com tanto que ela tremeu se enterrara pela terra adentro até ficar só com um palmo do cabo de fora.
Assim saimos do Mês de Fevereiro e entramos no mês dos burros, como dizia o Ti Zé.
Por vezes, quando corria uma pequena corrente de ar, aquela loiça toda começava a balançar de levezinho e se houvesse silêncio na loja, podia ouvir-se um tlim-tlim harmonioso.
Na madrugada de 28 de Fevereiro, pelas 2 horas e 45, dormia eu no andar por cima da loiça, quando despertei dum sonho em que ouvia um estrondo a aproximar-se cada vez mais e me parecia ser familiar: o barulho dos carros de bois descarregados em corrida acelarada pela minha rua abaixo.
O ruído durou o tempo que no sonho me pareceu suficiente para percorrer a rua desde a porta do Ti Alberto Abrantes até ao largo onde acabava a calçada de seixos. Acordei e quis ir á janela certificar-me se o galope tão madrugador seria dos bois do Zé Lima ou do (Guarda-rios) ,mas logo senti o sobrado a tremer e o barulho a parar. O que se ouvia agora eram os gritos dos aflitos(vizinhos incluídos) mas eu deitei-me de novo e por momentos ouvi uma grande sinfonia de tachos e panelas.
Nas notícias do amanhecer já se falava num terramoto com magnitude calculada entre 6,5 e 7,2 graus na escala de Richter . Eu com 13 anos quase feitos era o pastor da casa por isso fui mais cedo para o Casal da Pires ver se o curral das cabras e palheiro teria aguentado o " tremor de terra " . Nem uma lage caíra do telhado , mas a porta do curral estava escancarada e as cabras assustadas aninhavam-se a um canto . Ao verem-me soltaram o berro e vieram uma por uma lamber-me as mãos á procura da côdea habitual.
Á noite, na taberna, só se falou do terramoto e enquanto todos os fregueses se despediam e meu pai se preparava par fechar , contei ao Ti Zé Hermínio que o "estremecer da terra" de tanto esbalourar, soltou a tranca do curral e abriu a porta ás minhas cabras, mas que elas não saíram de lá mesmo tendo á frente uma lezíria semeada de centeio. Pareceu-me que tinha acreditado mas enquanto se preparava para ir embora, disse-me baixinho que esse tal " estremecer da terra" também lhe tinha semeado no Cadaval o resto duma
lezíria de batatas despejando-as nos rêgos e espalhando-lhes a terra por cima. E mais, que o "incinho" de espalhar o esterco que tinha ficado espetado de pé, com tanto que ela tremeu se enterrara pela terra adentro até ficar só com um palmo do cabo de fora.
Assim saimos do Mês de Fevereiro e entramos no mês dos burros, como dizia o Ti Zé.
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terça-feira, fevereiro 26, 2008
domingo, fevereiro 17, 2008
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
domingo, fevereiro 03, 2008
EM TEMPOS DE CARNAVAL
Entre os meus 5 e 8 anos de idade, por esta altura do ano , rara era a ocasião que eu não passasse uns bons dias de cama devido ao sarampo que passava lá por casa. Aquelas manhãs e tardes eram intermináveis apesar da companhia que me faziam os meus 9 irmãos e irmãs mais velhos. Quase sempre abrasado em febre - que só passava com os dias -, muitas vezes adormecia embalado pela melodia do canto nupcial dos melros ,que ao desafio ,"convidavam" as parceiras para os ramos da velhinha sobreira - que ainda hoje lá está - no outro lado da ribeira , junto às escolas.
Muitas vezes a maleita chegava com o Entrudo, e numa daquelas tardes "de entrudo borralhudo"- muito soalheira - na "minha" rua o folguedo era total. Uns jogavam ao cântaro e outros corriam o entrudo com as caras tapadas com meias e quase sempre travestidos. Eram raras as máscaras e o dinheiro para as fitas-serpentinas- também , por isso , quando passava pela rua algum "entrudo" que atirava uma fita , a garotada fazia uma grande algazarra e corria para agarrá-la, mas sempre nos vinha parar ás mãos partida em bocaditos. Era da praxe que todos os mascarados dessem pelo menos uma volta ao povo. Por isso lá passavam pela rua de baixo rumo ao Cabecinho e depois de volta pela rua de cima até á Ponte.
Num dessas tardes a algazarra na rua subiu de tom e de repente fiquei sem companhia ,porque as minhas "visitas" correram para as janelas da sala para verem o espetáculo que desfilava na rua , dois andares abaixo . Embrulhado num cobertor e carregado ao colo até á janela, tambéu eu me diverti um pouco - O colorido não era lá grande coisa - tudo a atirar para o cinzento e para o azul das roupas de ganga (brim) dos mineiros e operários , - mas o cenário não deixava de ser originalíssimo : - Á volta duma mesa redonda coberta por uma toalha feita de sacas de adubo e carregada por 6 ou 8 foliões rodeados também eles da cintura para baixo por uma saia -também de saca- até aos pés, seguiam rua abaixo divertidos , enquanto passavam entre si uma grande penicada . Dento do grande bacio de esmalte azul podia ver-se o vinho branco a imitar perfeitamente a urina e o resto eram grandes pedaços de farinheira e chouriça que eles também iam comendo.
Depois da breve paragem e da rodada bebida, o folguedo continuou até ao escurecer e eu fui carregado de volta para a cama alagadinho em suor.
No ano seguite também eu fui correr o entrudo, junto com mais meia dúzia de mascarados, teria dado a volta completa ao povo todo contente por ninguém descobrir quem era eu, mas quando eu menos esperava , ali próximo da igreja ,um matulão p'raí de 12 anos de idade puxou pela meia que me cobria cara , e eu, desmascarado corri para casa morto de vergonha como se me tivessem despido da cabeça aos pés.
Muitas vezes a maleita chegava com o Entrudo, e numa daquelas tardes "de entrudo borralhudo"- muito soalheira - na "minha" rua o folguedo era total. Uns jogavam ao cântaro e outros corriam o entrudo com as caras tapadas com meias e quase sempre travestidos. Eram raras as máscaras e o dinheiro para as fitas-serpentinas- também , por isso , quando passava pela rua algum "entrudo" que atirava uma fita , a garotada fazia uma grande algazarra e corria para agarrá-la, mas sempre nos vinha parar ás mãos partida em bocaditos. Era da praxe que todos os mascarados dessem pelo menos uma volta ao povo. Por isso lá passavam pela rua de baixo rumo ao Cabecinho e depois de volta pela rua de cima até á Ponte.
Num dessas tardes a algazarra na rua subiu de tom e de repente fiquei sem companhia ,porque as minhas "visitas" correram para as janelas da sala para verem o espetáculo que desfilava na rua , dois andares abaixo . Embrulhado num cobertor e carregado ao colo até á janela, tambéu eu me diverti um pouco - O colorido não era lá grande coisa - tudo a atirar para o cinzento e para o azul das roupas de ganga (brim) dos mineiros e operários , - mas o cenário não deixava de ser originalíssimo : - Á volta duma mesa redonda coberta por uma toalha feita de sacas de adubo e carregada por 6 ou 8 foliões rodeados também eles da cintura para baixo por uma saia -também de saca- até aos pés, seguiam rua abaixo divertidos , enquanto passavam entre si uma grande penicada . Dento do grande bacio de esmalte azul podia ver-se o vinho branco a imitar perfeitamente a urina e o resto eram grandes pedaços de farinheira e chouriça que eles também iam comendo.
Depois da breve paragem e da rodada bebida, o folguedo continuou até ao escurecer e eu fui carregado de volta para a cama alagadinho em suor.
No ano seguite também eu fui correr o entrudo, junto com mais meia dúzia de mascarados, teria dado a volta completa ao povo todo contente por ninguém descobrir quem era eu, mas quando eu menos esperava , ali próximo da igreja ,um matulão p'raí de 12 anos de idade puxou pela meia que me cobria cara , e eu, desmascarado corri para casa morto de vergonha como se me tivessem despido da cabeça aos pés.
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Bom fim de semana
Outra perspectiva do Parque Eólico. Imagem captada porum alpinista e que também visita o nosso blog!
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