Hoje, que paira no ar a ameaça do seu encerramento, justifica-se a memória...
Foto 1: Sítio do vale, temos o Pároco, Padre Pedro, representantes da Câmara e do Governo Civil, Junta de Freguesia, Banda de Loriga e o Povo.
Foto 2: Quase mesmo a chegar ao destino, a pequenada, meninos (eu tb estava ali) e meninas, impaciente e irrequieta preparava-se para bater palmas, a rua estava enfeitada com flores e rama.
Foto 3 :“O momento decisivo”, o cortar da fita; a menina, filha do ti-Vicente do Caratão, sorridente e com “ar interrogativo” cumpria a sua missão – acabava de entregar a tesoura. O Governador Civil lá cortou a fita.
Foto 4 : O Presidente da Junta (meu pai) discursa, o Pe. Pedro parece estar concentrado e uma das professoras de então parece estar com “ar preocupado”: Pensaria ela no fecho da escola 50 anos depois?...
Foto 5: Quem estaria a falar?, o pessoal parece (?) estar atento. O Dr. Cândido (do Paul) espreita, mesmo rente à minha professora Fernanda Craveiro (de Casegas).
Foto 6: Hum!... ali havia fumadores que não eram do Sobral… e o Presidente da Junta ainda batia palmas?!... Bem, alguém tinha contado uma anedota de certeza.
Foto 7: Vê-se o João Fernandes, o meu pai, o Eusébio (sorridente) o nosso Professor José Pereira, ostentando na lapela a sua (merecida) condecoração. Ora, assim, é que era falar…ou melhor comer… para que o estômago não discursasse…
Post elaborado por Sobralfilho
22 comentários:
Repare-se na 1ª. Foto, na bonita varanda da casa da Tiá-Fernandes (mãe do João Fernandes que está na última foto a da Sra. Belmira que mora no Cabecinho).
Na última foto, vê-se tb. o Inocêncio
Um álbum de recordações do tempo de SALAZAR, que merecia constar dos anais do Regime.
Procissões sem nexo nem sentido, acompanhadas por um vigário respeitável. Visitas de homens de fraque e chapeu de côco, vindos do meio de um regime que tinha os tentáculos na Covilhã e Castelo Branco, para darem umas migalhas a gente humilde, que venerava com tamanha ignorância os abutres que por ali sobrevoavem em representação do poder central.
E ainda há quem tenha saudades desse tempo. Mas a comparação traz-nos à memória tudo quanto de mau nos aconteceu desde que somos vivos.
Quem nasceu neste lugar e, provavelmente, está no meio da multidão, não pode deixar de se orgulhar em ter fugido dessa mediocridade e conseguido por outras terras, porventura, pelo Mundo fora, a liberdade que desejava. A liberdade que trouxe novos horizontes de cultura, de melhoria das condições sociais e de enriquecimento humano.
Obrigado, Sobralfilho, meu amigo, por nos trazeres este presente de memória que, creio, também fazes uma análise semelhante. O representante do povo, na altura, era igual entre todos os habitantes. Tinha o saber de experiência feito e nada mais. Apenas o distinguia o facto de ter de dar a cara para receber os tiranos da Covilhã,representantes do Regime salazarento, que, porventura, não conhecia nem sabia o que eles ali representavam.
São fotos interessantes que representam o Clero, a Nobreza e o POVO numa escala tão rudimentar como era a de uma aldeia incrustrada numa serra, sem estrada, sem telefone, sem água canalizada, sem esgotos, sem luz eléctrica, sem enfermeiro, sem médico, sem lar, sem telhas (com lajes), sem ruas nem calçadas, sem casas de banho públicas ou privadas, mas com uma soberba Igreja e um padre charmoso que era o encanto das virgens. Hoje, muitos jovens dirão, certamente, que Povo era esse ? Era na Indochina ?, Era no Iraque?, Era na América Latina?, Era na República Centro africana ? Não. Respondem aqueles que hoje têm mais de 35 anos: Era no SOBRAL.
Apetece dizer: Santa ignorância... e abolir a canção do Mourão " Hó tempo volta para trás", para que não tenhamos mais desta praga que nos ia comendo vivos logo à nascença.
Que surpresa eu tive ao ligar o blog!
Que recordações me vieram à mente, ao ver a rua do vale quando eu tinha apenas três anos. Como era bonita a forma como organizavam as crianças para participar nos eventos, proporcionando um dia de festa que nós tanto gostávamos. "Era o Padre Pedro e o povo em conjunto". Já nessa altura nos sentíamos felizes em participar.
Sinto-me muito orgulhosa por ter nascido nessa terra de gente humilde, trabalhadora, gente honesta e bondosa. O pouco que tinham ainda dividiam com os mais pobres de outras terras que nos batiam à porta. Conheci o trabalho duro dessa gente,assim como as dificuladades que passavam. A escola foi para todos nós uma porta que nos abriu outros horizontes, pena é que ficassem tantas inteligências perdidas, pelo facto de estarmos longes de "tudo e de tanta coisa", dos pais não terem dinheiro para que os seus filhos prosseguirem os seus estudos. Bem haja Sobral Filho pelas fotos, assim como a todos que fizeram e continuam a fazer alguma coisa pelo nosso Sobral. Nem que seja apenas participando nestas agradáveis lembranças!
Os tempos!.
-A nossa escola. Viva a nossa escola.
Hoje são tempos diferentes,ontem outros tempos eram. Não nos devemos sentir menores, procurando renegar (esquecer) o passado. Porque o sentimos, o vivemos e ele passou por nós. Poderia ter tudo acontecido de outra maneira. Infelizmente, mas não totalmente, assim foi. O passado é passado e não vamos por-lhe definitamente uma pedra. O mundo é feito de histórias-realidades, e a HISTÓRIA, hoje, traz-nos o mundo de outrora.
Lembrando o passado não é vivermos o saudosismo, mas ele faz parte de nós.
As divergentes interpretações constroem a actualidade do pensamento, mas quer queiramos, quer não, assentam sempre no que passou e por tudo o que nós passámos. Foi bom? Foi mau? Certamente que não foi optimo!
Há 50 anos, na nossa nobre terra, foi inaugurada uma escola. Ainda bem que o foi. Poderia e deveria ter sido há 100 anos, pois isso, certamente, proporcionaria que tantas inteligências não ficassem perdidas nesses reconditos das serras que nos "escondiam e afastavam" de tudo.
Não nos querendo resignar com tudo, mas antes lamentando o que ali não pudemos viver, admitimos que, para muitos os "novos tempos", ainda chegaram em tempo!
Foram os primeiros passos de uma vida que todos, de melhor desejavamos construir.
Os "heróis" não são os que hoje, e já nessa altura, com a "papinha feita ou quase", singraram na vida.
Os verdadeiros "heróis" são aqueles que... do nada, com dignidade, procuraram construir, sem atropelar ninguém, o seu futuro e dos seus filhos, contribuindo para o progresso da sociedade.
E a escola, a nossa escola, ajudou-nos. Deu-nos as bases, como tinha que ser. Hoje somos os homens e mulheres que somos, apesar de termos partido, não de um deserto, mas de lugares que as serras nos escondiam.
E hoje, revendo as "fotos de arquivo", apetece-me, como naquele dia, gritar: VIVA A NOSSA ESCOLA!
Parabéns sobralfilho pelo contributo ao blog, eu calculava que esta efeméride-sobralense- não poderia passar sem uma boa reportagem.
Nem imaginava ver o barroco do vale sem o aqueduto/pontão que lá está hoje... vê-se que a rua de baixo só dava mesmo p/ carros de bois.Eu acabava de completar um ano de vida...será que a banda de loriga me despertou do sono ao passar?
Na 2ª foto vê-se ao fundo a casa do ti Manel ervilha e o forno ao lado. na última fofo a sala e a mesa do banquete parecem-me muito estreitas !!!
Daqui a 50 anos os bloguistas devem ver as fotos dos 50 anos do fim da escola...mas as coisas mudam mesmo que não queiramos e tudo o tem um princípio tem um fim.
estava curioso para saber quem seria a menina da tesoura...já não estou mais.
Agora, Sobralfilho perdeste o anonimato, mas foi por uma boa causa... recebe um forte abraço meu.
O comentário do lob's está de PRIMEIRA... Até parece que está a querer dizer a alguém para não "cuspir mais no prato onde tanto comeu". Nem todos os que gostam de lembrar os tempos antigos são salazarentos assim como nem todos os que pensam que são democratas o são verdadeiramente. VIVA A NOSSA ESCOLA, SIM SENHOR...
Olá, Virgílio Neves, “olhe que não… olhe que não”: libertei-me do anonimato num comentário ao post “Os hermínios” de 07/03/2007, ao identificar o meu pai numa foto tirada no Salão Paroquial.
Um abraço.
Ao Zé Abrantes
O meu amigo Relvas gostava de futebol. Ao Domingo, assistia ao jogo de futebol do seu clube e teimosa e invariavelmente insultava o árbitro e os jogadores adversários do seu clube. O meu amigo era um “ás”. Utilizava o futebol como terapia para a sua agressividade e, assim, libertava-se do “stress”…
O meu amigo, Zé Abrantes, hoje acordou carregado de “stress” (isto de viver numa cidade grande custa…). Esfregou os olhos e deu uma olhadela ao Blog do Sobral e viu:
Salazares e fascismo, em vez de telhas, lajes. E desancou no Fascismo?... Parece… nada mais. “Aos costumes disse nada”: À nova Escola – um edifício de 4 salas de aula – chamou-lhe migalha… E disse inverdades: Naquele dia, no Sobral já havia telefone, quase comprado um ano e tal antes (o Ti-António Abrantes, membro da Junta, deu, do seu bolso, 500$00; no total “parece-me” que tiveram de arranjar 6.000$00) e o Sobral tinha ruas, algumas calcetadas. Ou seja, o Zé Abrantes desancou foi no Povo do Sobral, naqueles que ficaram, que lutaram, que sofreram, aqui, na agricultura (de subsistência), nas Minas da Panasqueira. Para estes vai meu Bem-haja. E, assim, o Sobral, não é um deserto… Para os outros, os que tiveram de partir (eu tb parti) para outras paragens, por obrigação ou opção, vai o meu apreço a minha compreensão.
Como vês, Zé, a minha análise é mais honesta. E digo-te, quando aos 22 anos, na Escola Técnica Campos Melo da Covilhã, estudava, na História, a civilização grega eu preferi Atenas a Esparta…
Analisando o teu escrito e os anteriores noutros posts e msg directas, verifico que trazes no peito uma força, ou um vulcão, que te leva a fazeres apologia dos que partiram… e quase bates nos que ficaram…“Que força é essa amigo?”…
E… quanto ao muito provável encerramento da Escola, num futuro próximo, nada… nem um parágrafo…
Eu sei, é a pressão da cidade… o stress…
Foge, Zé, para a nossa montanha, para Cabeça Sobral, olha e ouve o silêncio, o melro, a cigarra, olha a abelha e a formiga, toma conta dos cheiros e dos sabores e… sobretudo canta… amigo. E tu verás o stress a fugir. Melhor, renascerás de novo…
Então o Zé Abrantes fugiu(da multidão) para não ser mediocre!!!?Olá..., será que sofre de agorofobia e não o sabe? Hoje em dia já há tratamento clínico.Noutros posts contradize-se:«...críticas construtivas e realistas...;...as energias se gastam na discussão»; etc. etc. ... Contradições hem!?Quanto a liberdade há a do pensamento, por que é que fugiu e não lutou contra a mofenta ditadura? É uma dor de alma.O Sobralfilho já lhe deu uma boa terapia, aproveite-a para reflectir e apaziguar a mente. QUANTO À ESCOLA MESMO SEM ALUNOS, SERÁ SEMPRE ESCOLA.
Parabens ao Lob e Sobral filho a vossa resposta au ze abrantes e a maneira como foram dirigidos os vocos comentarios merecem todo o louvor obrigado sobral filho pela memoria nas fotos apresentadas
o Sr. Zé Abrantes nem parece sobralense... ao criticar o regime e o clero esqueceu-se que até as mesmo as famílias mais abastadas do sobral mamaram nas tetas da outra senhora (salazarismo e igreja.) quantos foram os que se aproveitaram dos seminários para orientarem a sua vidinha? E QUEM deu MAIS PRESUNTOS E QUEIJOS AOS grandes senhores para lhe sacar os favores?
E já que tanto odeia os padres e ditadores não teve um familiar seu que serviu o regime e a igreja do faxista Franco ? tenho visto muita coisa na nossa terra mas abutres nunca lhe vi a cor.e mesmo assim um só que foçe lá visto não bastava para fazer da sobral uma terra amaldissoada como o seu comentário faz parecer.SOBRAL FILHO HÁ MAI RETRATOS?
BEM-HAJA Sobralfilho, por esta página tão importante da nossa história. Adorei! E viva o blog que nos dá acesso a estas maravilhas!
Andam por aqui uns comentários demasiado azedos pró meu gosto. Provavelmente vindos de "bloggers" com pouco conhecimento das coisas. Como é fácil criticar... anos depois...como se fosse possível reviver/analisar e criticar as coisas fora do seu tempo histórico ou fazendo de conta que esse é o tempo de hoje. Um pouco de mel talvez acalmasse alguma bílis inflamada. Alguém constrói alguma coisa com base no ódio e no ressentimento? Pelos vistos há quém tenha deixado de ser "revolucionário" pra passar a ser "revoltado". Enfim.. Parabéns a quém colocou as fotos e nos fez lembrar a nossa memória. Tb é dela que somos feitos...
O Zé abrantes tem razão.Espelhou a realidade do Portugal de então.Ler e interpretar, basta isso.Há gostos para tudo...A HISTÓRIA É A CIÊNCIA QUE ESTUDA O PASSADO, PASSADO HISTÓRICO QUE TEM INFLUÊNCIA NO FUTURO DO HOMEM.Não basta congecturar nem adocicar, factos são factos em qualquer periodo temporal.
Ferrroda, “Espelhou a realidade do Portugal de então”. Certíssimo. Não disse, nem digo o contrário. Mas, hoje, o que mais me preocupa é a realidade de hoje: encerramento de escolas, maternidades, urgências…
Um dia, iremos todos para Lisboa?... E depois?... Iremos (talvez) para o Mar Alto!
O Zé Abrantes podia, com base no provável encerramento da escola, ter (também) analisado o “momento actual”. Não o fez. Porquê? Só ele poderá responder.
Foztojosa,
1.Também não podemos, nem devemos ir por aí. O Franco e franquismo aconteceram noutro Mapa. A eventual ligação familiar do Zé Abrantes ao combatente franquista não é, no meu ponto de vista, relevante. Desconheço esse facto. Sei, no entanto, que alguns sobralenses trabalhavam em Espanha, nesse época, e que uns terão lutado ao lado de Franco, outros do lado dos Rojos. Como qualquer de nós, defendiam os seus ideais. Certos ou não, a história já os terá julgado.
2.Sim, ainda há mais fotos. Mas, sobre o tema das escolas fico-me por aqui. As outras poderão esperar mais 50 anos (eu atrevo-me a esperar…).
Nunca houve nem hoje há gente abastada no Sobral.Basta verificar quantos "PALACETES SENHORIAIS" existiram ou existem nesta terra.Nenhum.Havia sim, umas famílias mais remediadas do que outras, por diversos factores.A condição social sempre foi bastante rectilínea.Vamos manter a escola de pé, independente da sua missão, desde que seja do interesse comum.
Haja Deus...finalmente um comentário lúcido e sensato do/a Cernelha sobre as famílias "abastadas" do Sobral. Eu bem me tinha esforçado pra encontrar uns exploradores capitalistas, ou uns latifundiários, uns e outros a viver à conta das benesses do fascismo e, confesso, ainda não me tinha dado conta...mas nunca se sabe...talvez eu sofresse duma "capitus diminutio", ou pertencesse a essa casta e isso me impedisse de ver a realidade à minha volta. Onde nos podem levar os preconceitos ideológicos...se eles não se enquadram na realidade, então façamos com que a realidade se enquadre neles. Adiante: Cernelha tou de acordo consigo.Só os cegos não querem ver
Sim Haja Deus...que eu também não gosto de comentários azedos.Alguém escreveu um dia que a ira é o vento que apaga a luz do cérebro!!Espero que estes ventos agressivos passem, e que o Sobral de hoje seja visto "cada vez mais bonito", como progresso recontruído por todos aqueles que gostam da sua terra, e não teem vergonha da sua origem.
Esta página de recordações,faz parte da História do Sobral.
Por isso, e não só por isso viva o Sobral e toda a sua gente.
Na verdade faz-me pena imaginar o encerramento deste estabelecimento de ensino.E se o edíficio foi do Estado Novo, a verdade é que foi dentro dele que bebemos os ensinamentos que nos catapultaram para o exorcismo dos ideais salazarentos.Como a ,maior parte dos bloguistas, não tenho nada a ver com esses ideais, mas não posso esquecer a primeira fonte do Saber.Não fora essa fonte e quantos de nós estaríamos aqui contraditar pontos de vista. O Sobralfilho esclareceu muito bem, e o Zé Abrantes, certamente não pensou que iria ser tão contraditado.Também é disto que se faz o blogue. Venham mais documentos destes. è claro que serão bafientos...pudera tantos anos sugeitos aos bolores, mas depois de limpos pelas críticas e elogios, ficam como novos.
Algumas das «altas individualidades»,da altura.Hoje chamam-lhe VIPs, não é?!!...era o que havia!...
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