sábado, julho 24, 2010

Ainda a Silicose

No seguimento dos recentes posts relacionado com a temática da Silicose, apresentamos uma foto das "Viúvas da Silicose" residentes no Sobral no final da década de 60.

A foto foi gentilmente cedida pela leitora Maria Oltilia


6 comentários:

Anónimo disse...

Esta fotografia é fantástica e merece ser incluída em qualquer álbum sobre a Civilização Rural no interior português. Estas mulheres representam gerações e gerações até ao princípio dos tempos. Elas ajudaram a construir Portugal, sem qualquer contrapartida, deste a elas. Porventura, nenhuma delas sabia ler. Tiveram os filhos sozinhas, fizeram as fragas dar pão, sofreram as ausências dos maridos, as consequências da silicose e da taberna e até as veemências dos padres que lhes encontravam pecados onde os não havia. Curiosa me parece aqui este aperto entre elas que não foi só para a fotografia. É que elas eram de uma solidariedade a todo o preço. Repartiam um pão em mil bocados e uma cesta de figos um a um. Se o paraíso existe, abriu-lhes a porta grande e na eternidade vestem roupas de mil cores. Lá, onde estão, a avó da Maria Otília, conta histórias aos muitos e muitos anjinhos que todos os anos partiram antes de tempo por falta de assistência médica e outra. Aquele país não mereceu o Sobral até à década de sessenta do século XX e ainda hoje o coloca a uma hora da escola, do hospital etc..

finadamina disse...

Sr ou Sra anónimo(a) sensibilizou-me bastante o que escreveu, é verdade.
A essas mulheres que contribuiram para a economia das famílias, das aldeias, da região e do país, até parece que nuncam existiram!

Mas, vim aqui para agradecer à serranita e à famel e, dizer-lhes que levei 2 fotografias pata aqui:
http://piarribaepiabaixo.blogspot.com/

Anónimo disse...

uma das mulheres e a ti maria geraldes a maria dos anjos a carpinteira a florsinha a maria abrantes desculpem mas a nomes que nao sei

Anónimo disse...

Neste blogue, foram já publicadas, várias fotografia desta época, tiradas neste lugar, que permitem a recomposição da sociedade sobralense de finais da década de sessenta, princípios da década de setenta, curiosamente quando deixou de se chamar Sobral de Casegas para se assumir como Sobral de S. Miguel: o fantástico grupo das mulheres viúvas dito acima; o notável grupo de jovens estudantes e não só; o grupo dos ex-mineiros. Havíamos de somar a estes o grupo de mulheres que aqui não consta, na força da vida que então geria toda a vida económica das famílias, cujos maridos em França, no Canadá e na Alemanha ganhavam dinheiro a sério, o que nunca tinham conseguido no seu país. Estas ainda tinham força suficiente para semear as poucas terras que Deus nos deu. falta uma fotografia destas que bem a merecem. Também falta uma fotografia dos jovens que combatiam no Ultramar sem saberem porquê. Salazar definhava, a Revolução vinha aí.

Anónimo disse...

Reconheço a minha avó e a tia Conceição do Carmo, que residiam no Pereiro, onde nem sequer havia estrada ou electricidade. Resta-me acrescentar a tudo o que foi dito, e muito bem dito, principalmente ao 1º comentário, que à minha avó nunca lhe conheci outra forma de estar, nem mesmo quando a dureza da subsistência amaciou com os filhos já criados. E a propósito da noticia que nestes dias passou sobre Salazar e entre outras coisas se referiu que o homem "algemou" muito ouro para as reservas do país, eu pergunto: A que preço? Quem pagou essa factura?

F. Bernardo

Mariita disse...

Recordação muito bonita esta que a Otília partilha connosco, de uma geração que, apesar de tanta dificuldade e sofrimento, nunca virou a cara à vida. Criou os filhos, amanhou a terra, tratou da casa, “virou” céu e terra para que os filhos pudessem ter uma vida melhor e, dela própria se esqueceu! Nas lutas que cada uma travou e venceu, está um grande exemplo de amor e abnegação, uma lição de vida, que só as grandes mulheres são capazes de dar. Minha avó está incluída nelas e também a reconheço nestas fotografia. Bem-haja Otília!