NA EIRA
"Hoje na Laje, corpos esbeltos e seminus, agrupam-se ordeiramente tentando dourar-se o mais possível ao sol da tarde.
Outrora, na mesma eira, os já loiros molhos de centeio agrupados também, mas por mãos grossas e calejadas, esperavam a sua vez.
Os homens, um a um, alinhavam-se na parada de arma em riste.
Um sim, um não, batem acariciando as espigas com o mangual numa dança bem orquestrada, num mesmo compasso. Primeiro enérgica, depois numa languidez crescente até ao murmúrio, para voltar de novo com redobrado vigor.
As mulheres acertam as espigas como quem afaga os cabelos de uma criança, elas sorriem ao cair do grão deixando-se embalar pelas melodias cantadas ao vento.
A seguir à merenda, enchem-se as enxergas, já coradas na mesma eira, com palha nova. Parecem balões de pano às riscas azul e branco.
Salto à noite em cima dela feliz, rebolo-me tentando achar o meu lugar… invariavelmente, durante a primeira semana, acordo no chão.
Era assim todos os anos. Começava no fim do Outono com o fazer das bouxas, e até ao São João, os grãos de trigo não eram mais do que dias de canseira, horas de caminhadas, lágrimas misturadas com o suor por debaixo dos chapéus, durante a ceifa.
Parece-me ouvir ainda o Ximô…Ximô…do carro de bois do Ti Manel, carregado até ao cimo dos fogueiros, descendo a encosta até ao povoado."
"Hoje na Laje, corpos esbeltos e seminus, agrupam-se ordeiramente tentando dourar-se o mais possível ao sol da tarde.
Outrora, na mesma eira, os já loiros molhos de centeio agrupados também, mas por mãos grossas e calejadas, esperavam a sua vez.
Os homens, um a um, alinhavam-se na parada de arma em riste.
Um sim, um não, batem acariciando as espigas com o mangual numa dança bem orquestrada, num mesmo compasso. Primeiro enérgica, depois numa languidez crescente até ao murmúrio, para voltar de novo com redobrado vigor.
As mulheres acertam as espigas como quem afaga os cabelos de uma criança, elas sorriem ao cair do grão deixando-se embalar pelas melodias cantadas ao vento.
A seguir à merenda, enchem-se as enxergas, já coradas na mesma eira, com palha nova. Parecem balões de pano às riscas azul e branco.
Salto à noite em cima dela feliz, rebolo-me tentando achar o meu lugar… invariavelmente, durante a primeira semana, acordo no chão.
Era assim todos os anos. Começava no fim do Outono com o fazer das bouxas, e até ao São João, os grãos de trigo não eram mais do que dias de canseira, horas de caminhadas, lágrimas misturadas com o suor por debaixo dos chapéus, durante a ceifa.
Parece-me ouvir ainda o Ximô…Ximô…do carro de bois do Ti Manel, carregado até ao cimo dos fogueiros, descendo a encosta até ao povoado."
Josefa
18 comentários:
Lindo texto. parabéns famel pela escolha.
Quase conseguimos ouvir os sons e ver as cores desses dias que ja lá vão... do muito que se perdeu... por outros muitos que se ganharam.
era um ritual muito lindo, é pena e que eu não me lembro muito bem, pois pela altura da minha infancia essa tradição já se estava a apagar um pouco, e hoje já só existe nas memórias de quem viveu nessas alturas em gerações antes da minha. para alem das memórias também ficaram as eiras e principalmente a da lage da qual é feito um bom uso, para servir de sauna tal como disse a famel. ainda bem é que já não se usa untar a eira com "bosta de boi" como era sempre feito antes de qualquer debulha.
é mm verdade k s untava c bosta d boi? eu pensava k a minha avo dizia isso p gozar cmg ou p fzr c k eu deixasse d ir tantas vezs mostrar a pernoca na eira da lage!
é tudo lindo...até o poste do post anterior...BAH!!!
Este blog dá-me sono! É mesmo seca…
Ó ANÓNIMO ESTE BLOG DA-TE SONO? Então vai ver o Mundial de sub 21...anonymus II
Mesmo que ele vá ver o europeu de sub21(acho que era isso k querias dizer)não terá melhor do que este momento literário pq já perdemos os 2 jogos k fizemos.Eu perferia dar-lhe por conselho k perca um pouco de tempo a dar ideias ou a fazer algo para melhorar cada vez mais este nosso espaço.Aqui vai uma idéia-porque não tdos os dias nos contarem as notícias k se passam aí? É k quem está longe como eu gostava de saber as alcoveterices... boas e más.
oh anonimus s o blog t dá sono procura outro...blogs é o k n falta aí! ou contribui...
Mais uma vez alguém tenta "estragar" o momento... mas dá desconto, famel!!! Adorei!!! Fenomenal!!! Apesar de ser da geração do NM (penso eu!!!) ainda me lembro da eira e do malhar do trigo - do "pão"...mesmo s/ ser na eira...ñ me lembro é da "bosta"... mas lembro-me do último carro de bois e de quase partir "os cornos" a tentar sentar-me na carroça com os meus 6/7 anitos... era lindo!!! Aliás... ah!! Saudade!!!!!!!!!!! MM ñ sendo dessa geração...
Ó anonymus esse teu desabafo foi mesmo infeliz´... bem podes pedir desculpa ao "auditório"...Anónimo III
Bem chenouca, se disseres o teu nome eu poderei dizer-te se somos ou não da mesma geração, mas quanto á questão da "bosta" eu sempre ouvi falar nisso e penso que até já o li num livro sobre as tradições do sobral. Ao que parece usavam esse metodo porque depois da respectiva estar seca evitava que os grãos do centeio entrassem nas falhas das pedras ou em qualquer outro buraco que lá existisse, assim no final era muito mais facil no fim de recolher os grãos
Já n passava pelo blog à uns dias mas devo dizer que está cada vez melhor!!!! anonymous I esse teu comentário n tem fundamento...
Boa noite sobral...e parabéns Josefa pela tua "recordação" está um mimo, gostei mesmo ... ao ler o ximÕ XIMÔ DOS CARROS DE BOIS- ascarradas de trigo eram altíssimas- lembrei-me que era esse mesmo o som que eu imitava ,porque à minha porta passavam muitos carros de milho e uvas. Sobre as malhas e as eiras recordei-me duma que os meus pais fizeram na portela numa grande "lage" que lá existis exactamente onde estão os WC DO
recinto. eram uns dias muito alegres para a garotada talvéz por que coincidiam com o fim da escola e claro quase sempre havia um miaos... para os que tinham ajudado a catar a bosta "fresca" dos bois pelos caminhos. que depois era desfeita em baldes e bacias que se espalhava para tapar os buracos dalguns formigueiros que sempre por lá havia pois onde havia graõs havia formigas, claro que os ultimos a malhar já não iam À BOSTA . digam lá que o povo não é sábio.
inda tornei cá,mas e só para esclarecer que a bosta de que falei não cheirava mal depois de seco parecia um reboco, e tambem não pensem que eramos alguns formicidas humanus, as cigarras e que nos irritavam com o seu cantar,bem tentei agarrar muitas mas eram mais rápidas que a sombra...
esta malta põe bem disposta a lembrar-me doutro tempo.admiraram-se da bosta...p´ra k saibam, havia muita "coisa" com outra serventia, p.ex.as caganátias de cabra ou ovelha+outras mistelas k n/ vos digo serviam para curtir o linho os sirois dos cães com àgua serviam p'abatchucar as árvores p'ras aquedar das cabras e ainda as buseras de galinha servem p'r'os rapazitos porem na cara p'ra fazer crescer a barba, ih ih ih...Olha as cousa q'ainda m'alembram.
Tereza as buseras das frangas não para fazer crescer " os peitos "das moçoilas ?
ò teresa... dessa ainda me "alembro", conho... e ainda te digo mais lembraste do ti zé herminio ter "tratoritos" pa dar aos putos q o trator dele tinha "parido"???? Ah! pois é...
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