segunda-feira, outubro 16, 2006

Já que se discutem águas...

“O meio ambiente que possuímos foi-nos transmitido pelos nossos antepassados e tomámo-lo de empréstimo às gerações vindouras” - Provérbio Africano -


Ainda sou do tempo em que a ribeira funcionava como despejo de todos os lixos. Se qualquer coisa deixava de ser útil, “botava-se pra ribera”. A corrente levava os lixos (ás vezes) e o deixar de se ver equivalia a deixar de existir.

Com o passar dos anos, os caixotes/contentores de lixo foram colocados pelas ruas e este comportamento foi melhorando. Mas, parece que ainda há quem não tenha reparado que os contentores para o lixo abundam pela aldeia.

Não é preciso estar muito atento para ver nas margens ou mesmo nas águas da ribeira, vários tipos de lixo.

Numa altura que se aposta na preservação do património arquitectónico/cultural e na captação de visitantes à aldeia, não me parece que seja um bom cartão de visita.

Torna-se muito desagradável que a ribeira que é para o Sobral, na minha opinião, uma generosidade da natureza, que além de todas as funções sociais lhe dá aquele ambiente de certa forma “místico”, de paz de espírito, calmaria, romantismo, possa ser o ponto negativo duma visita à aldeia.

Penso que se deveriam tomar medidas de consciencialização ambiental e ecológica. Acredito que para as gerações mais antigas seja difícil a mudança de comportamento, mas talvez se devesse apostar na sensibilização das crianças como instrumento mais eficaz de chegar aos adultos.


Podia ser lindo...

Se logo ao lado não estivesse assim...

“Primeiro foi necessário civilizar o Homem em relação ao próprio Homem. Agora é necessário civilizar o Homem em relação à natureza”. Victor Hugo

23 comentários:

famel disse...

punir as pessoas k fazem isto é quase impossivel...eu plo menos n sou omnipresente!

Anónimo disse...

Serranita, eu por mim confesso que enquanto por aí andei fartei-me d'avintar monos pá rebera. Até sacos c/ nenhadas de gatitos vivos me mandaram avintar quando aila ia de cabulo. Mas hoje, s'aí morasse, eró premero a catar aissa strequera toda. E tenho a certeza que já teria comprado e plantado ás m/ custas umas dezenas de árvores variadas, trazidas de outras terras, ou então medronheiros e outras ornamentais.

Anónimo disse...

muito bonito falar.
força

Anónimo disse...

Pois, Virgilio, naquele tempo era mesmo assim, também não havia a formação/informação que há hoje. Agora é pensar no daqui para a frente.Qto ás árvores, temos espécies autóctones muito bonitas, não precisamos das "estrangeiras" se bem que uma avenida de Jacarandás seria para mim o paraíso!;-)

Anónimo disse...

É óbvia a pertinência deste post, pelo que é um prazer comentá-lo:
Como disse em comentário anterior, ainda sou do tempo em que não havia papel higiénico. A Ribeira do Sobral era uma retrete colectiva, o seu caudal era o autoclismo, as pequenas pedras arredondadas das suas margens o papel higiénico.

Hoje, as coisas mudaram (?). Temos saneamento básico (?), mas a Ribeira continua com as costas largas e sendo generosa continua a receber o nosso lixo e ainda incúria do homem (novo ou cota). Porquê?.

No último parágrafo do Post está implícita (no meu ponto de vista) uma velada acusação “às gerações mais velhas” levando à conclusão de que são os mais idosos os culpados. Serão? E as gerações mais novas são imaculadas?. Uns dias destes, um carro (com pessoal novato), que estava parado no Cabecinho, ultrapassou-me na Gesteirinha e um pouco antes do Raso lançou pela janela restos de comida e latas vazias de bebidas. O Sobral ainda tão pertinho e já levavam fome e sede?...

Ora, eu sou cota. E sou um acérrimo defensor do meio ambiente, tanto critico os que lançam na Ribeira o lixo plástico como os que não tornam eficaz o funcionamento da ETAR.
Para compensar um gesto menos próprio daquele idoso que tenha aventado para a Ribeira o lixo plástico, voluntária e gratuitamente me ofereço, desde já, para recolher o lixo numa extensão de 500 metros, quando a Junta de Freguesia me garantir e atestar que a ETAR funciona a 100% e com eficácia.

No meu comentário anterior (Post de 12/10 – Priv. das Águas) ousei referir o funcionamento deficiente da ETAR do Sobral. Ninguém desmentiu, ninguém acrescentou informação. Os elementos da Junta de Freguesia não lerão este Blog?

Tenho constatado que as ruas estão limpas e o lixo recolhido atempadamente, o que é louvável. Sendo assim, não poderia a Junta de Freguesia mandar limpar a Ribeira duas vezes no ano e aproveitar estes dias para fazer uma campanha de sensibilização?.

famel disse...

A minha infância foi passada em contacto c a ribeira, ou quando passava os verões a chapinhar ou qd ia a casa dos meus avós. Nessas alturas passava tardes c os outros miudos, a "catar" garrafas do "Poço do Abrantes". Era uma brincadeira engraçada ver quem "catava" mais em menos tempo.
Hoje são mt pcs os sitios, ao longo da nossa ribeira, onde encontramos lixo. Não sei quem o manda p lá, s soubesse "amargulhava-lhe as trombas lá dentro e obrigava-o(a) a tirar o lixo c os dentes"!

Anónimo disse...

Sobralfilho, de modo algum queria acusar os mais velhos e isentar de culpas os mais novos!
Para mim é bem mais grave esse comportamento vindo dum jovem que dum “cota”. Um jovem tem a obrigação de estar melhor informado dos prejuízos ambientais que certas atitudes acarretam, por terem uma maior receptividade a mudanças, mais informação, etc. Mas não estou a dizer que só haja jovens bem informados e “jovens mais velhos” menos informados! Há de tudo.
Nesse parágrafo que apontas, queria referir-me a que dentro do grupo de poluidores (mais ou menos jovens), é mais difícil fazer chegar a mensagem aos mais velhos, que desde sempre se habituaram a ver a ribeira como o depósito do lixo e não têm dado conta que por isso tenha vindo algum mal ao mundo e acredito que nem sequer alguma vez pensaram no assunto, nem como bem nem como mal. Simplesmente não os incomoda, não foram despertados para essas questões. Se bem que há jovens tanto ou mais “casmurros” que os mais velhos....
Talvez ir sensibilizando as crianças, que não têm ainda o comportamento enraizado, ou seja, o “torcer o pepino, de pequenino”.
Quanto á ETAR, não estou dentro do assunto....

Anónimo disse...

Boa, famel!:-)

Anónimo disse...

Famel, gesto meritório o teu. Nasci também muito perto da Ribeira e o meu “território” era entre o poço do Ti Zé Pires, passando pelo açude do Fundo do Lugar, poço das Ti’ás Cândidas até ao poço da Tiá Espanhola. Mas, não apanhava – fazia… lixo; observava os peixes, os alfaiates e os trincaldos que eram um petisco para os marrecos.

Serranita, eu sei. Mas foi bom para introduzir alguma pedagogia em face do comportamento daqueles que um dia serão cotas.

Anónimo disse...

sobralfilho, quem era a tiá Espanhola?

Anónimo disse...

Serranita, penso que não me enganei no nome/alcunho. Embora pense que ela nunca foi a Espanha. Tinha muitos filhos de cujo paradeiro não sei à excepção de um – o Chico que está para o Canadá e esteve no Sobral há cerca de 2/3 anos. A sua casa confinava com a Ribeira e penso que também com a casa do Ti Agusto Romão do lado do Nascente. Junto à casa, na Ribeira, há um grande seixo que obriga a água a fazer remoinho e, portanto, afunda o leito e ali se escondiam os peixes. Tinha um terreno no Penedão, paredes-meias com as Barrocas do Muro e quando descia a ladeira do Fojo e olhava de longe para o seu terreno e via as cabras (que o Chico devia guardar bem…) a comerem na boucha do centeio, zangada, gritava-lhe com toda a sua força: Oh Chico, à grandessíssimo e alternadíssimo cabeçudo, olha o gado no pão!...

Anónimo disse...

Sobralfilho
Um filho da Espanhola,da nossa criação, José Pinto, tenho-o encontrado aqui, prós lados do Feijó, está reformado da PSP.
O nome veio-lhe, se não estou em erro, do psi ter sido emigrante no país vizinho. Antes da guerra de Espanha vários sobralenses foram emigrantes nesse país. Quase todos voltaram, outros houve que regressaram a combater pelos "rojos", tendo alguns dado a vida pelos seus ideais. Mas essa, a política no Sobral, é outra história.

Gabriel Santos

Anónimo disse...

Parabéns pelo "post" aberto, não falando do passado para o qual já não há emenda, presevemos o futura da nossa ribeira. Pouco a pouco as pessoas vão entendendo que a nossa qualidade de vida depende desses pequenos gestos de pôr o lixo ... no lixo. O ambiente e nós só teremos a ganhar. A ribeira pode ser um local bonito e de lazer.
E os peixes poderão voltar em força.
Gabriel Santos

Anónimo disse...

Ó Serranita, só mais uma pista: A Tiá Spanhola era irmã do teu avô Francisco. Confere e diz-me se estou enganado.

Anónimo disse...

E do ti Joaquim do Caratão.

Anónimo disse...

É isso mesmo Virgilio, parentescos correctos!;-)Pela alcunha tinha percebido que era alguém da família,mas pensava que seria a minha bisavó.
Também não sei bem de onde veio a alcunha, mas penso que o prof. Gabriel está correcto.
Uma das únicas vezes que vi o meu avô muito bravo com as netas foi numa ocasião que lhe chamámos "Chico Espanhol", depois de ouvir-mos alguém na rua referir-se a ele assim, enquanto explicava a outra pessoa quem nós éramos.:-)

Anónimo disse...

É isso mesmo Serranita, se calhar hoje dava jeito ter um avô espanhol de verdade. lol

Anónimo disse...

Serranita, A Jacinta era tua tia?

Anónimo disse...

lol, Virgilio. Acho que dava jeito mesmo era ter um avô.
Sobralfilho, sim, era. Mais questões pessoais, só por mail ;-)

Anónimo disse...

Pois é Serranita e dois avôs ?...
Quantas perguntas NÃO LHE faríamos agora para o blog ???

Anónimo disse...

Pois é Virgilio, já tinha pensado nisso!E agora lembrei-me que tenho em meu poder o manuscrito das memórias (inacabadas) do meu avô, qq dia vou vasculhar, a ver se há algo aproveitável para aqui.

Anónimo disse...

Boa serranita! Era impecável... as memórias do vizinho!!! Vê se consegues pq seria certamente uma boa recordação!!! Ainda ñ me esqueci das fotos... estou em dívida!!!!

Anónimo disse...

Não faz mal Chenouca´s! Afinal eras tu mesmo!;-) Desculpa não ter-te reconhecido!Contigo (e mais uma malta) recordo-me de jogar ao ferrado, entrar por umas portas, passar pelo galinheiro e sair por outras. Lembras-te?