quinta-feira, dezembro 21, 2006

Lagares

Em tempos havia no Sobral 3 lagares: o Cimeiro (no Vale da Cavada), o Fundeiro (no Vale) e o do Meio (na Laje, onde mais tarde foi a fábrica) .Todos eram movidos a água, até ao ano em que chegou a electricidade à aldeia, passando nessa altura a serem movidos a motor eléctrico.

Trabalhavam em simultâneo durante os meses de Dezembro e Janeiro. Cada lagar tinha vários donos e funcionava com equipas de 3 lagareiros, o mestre e os ajudantes.

Durante o tempo em que funcionavam, o lagar dava o carreto (lenha para o aquecimento das caldeiras e o transporte da azeitona).
Iam buscar e medir a azeitona ás casas, com uma medida, a rasa, que equivalia a meio alqueire.

No lagar, as operações, muito resumidamente, consistiam na trituração da azeitona, até formar uma pasta, feita num pio, com moinho de pedra (mós). Seguidamente esta pasta era batida e aquecida de maneira a aumentar o rendimento de extracção, facilitando a separação do azeite, e passava-se a massa para umas ceiras que iam à prensa, onde se dava a extracção propriamente dita, ou seja, a separação da fase sólida da fase líquida.
O líquido escorria para uns potes que existiam no chão, que continham água, e por diferença de densidade (o azeite, como a verdade, vem sempre ao de cima), era recolhido. Os restos de azeite, misturas com água, eram armazenados no “Poço do Inferno”, para mais tarde se dar uma segunda volta e extrair mais uns litrinhos de azeite.

Como actualmente, a funda nem sempre era igual. Uns anos era “cheio por cheio”- a quantidade de azeitona equivalia ao azeite obtido, outros fundia menos.

Existia a maquia, em que o azeite obtido era dividido em x partes para o dono da azeitona, e y partes para o lagar. No final da campanha, a parte que tinha ficado com o lagar era dividido pelos proprietários do lagar (não sei se tb com os lagareiros).

No final, entregavam o azeite nas casas transportando-o em odres (Ver dicionário Sobralense Letra O).

Actualmente não existe lagar no Sobral, as azeitonas são transportadas pelos “carteiros de lagar” a outros lagares da região.

P.S. - Este post foi feito muito teoricamente, por “ouvir contar”, peço desculpa se contiver incorrecções, e se alguém puder corrigir, agradece-se!:-)
As fotos...

Estas são de um antigo lagar (de varas) recuperado, em Idanha a Velha.

E estas, quem identifica o local e as pessoas?


7 comentários:

Anónimo disse...

Na 1.ª foto julgo que seja um lagar que existia, sobranceiro à ribeira de carvalho, só me lembro de ali ver ruínas, semelhantes às apresentadas na foto.

Nas seguintes, não reconheço ninguém, e devo de dizer, que nunca entrei num lagar, é a primeira vez que vejo fotografias de um lagar do nosso sobral.

famel disse...

Sim moka, é o lagar da canada, o qual infeliz/ só conheci já em ruínas. Infeliz/ lagares antigos não cheguei a vê-los trabalhar, só conheço o lagar (já a arranhar p fábrica) da Coutada e outros desse género.
Contudo perto de Taveiro (Coimbra) conhecia 1 antigo lagar que foi perfeita/ restaurado e funciona c restaurante. Além do espaço ser espectacular, a comida não fica atrás!
Foi uma ideia muito bem conseguida por parte dos proprietários.

famel disse...

Já agr gostaria de avisar que estas fotos foram p/ mim encontradas nuns arquivos da junta de freguesia, e pelo que percebi foram utilizadas numa exposição sobre o Sobral.
Posto isto, a pessoa a quem pertencem os originais pode dirigir-se à junta de freguesia onde as mesmas lhe serão entregues.

Anónimo disse...

As antigas, do Sobral.

Anónimo disse...

lembro-me como se fosse hoje isso não são ruinas era assim mesmo a àgua a cair pelas lezirias tal e qual

Anónimo disse...

Também fui um dos donos desse lagar (lagar cimeiro). Tinha 1/48 avos do lagar. Ou seja, se o lagar tivesse 48 alqueires de azeite de lucro, 1 alqueire era para mim. E lá comi (algumas vezes) a célebre couvada que incluia bacalhau, batatas e couves. Outras vezes era o bacalhau assado. Vendi o meu quinhão antes de ser desactivado.

Anónimo disse...

As fotos saõ do lagar que está na regadia da lezíria,lagar do cimo do povo.O MESTRE,"Chico Abrantes",no seu posto de trabalho ,grande profissional,apesar das dificuldades(falta de água,não só,mas também),fazia o milagre de transformar azeitona em azeite.