terça-feira, janeiro 16, 2007

Só para pensar...

...No valor das coisas e respeito pelo trabalho dos outros
(ouvi contar um dia destes)


Há alguns anos, havia no Sobral um “Ti Manel “(não sei os nomes) que ia de tempos em tempos, à Vide, buscar sacas de sal, na altura necessário às salmouras. Ia e voltava, sempre a pé e o regresso era ainda mais penoso, com as sacas pesadas às costas.
A “Ti Maria”, sua esposa, ficava em casa e cada dia ia acedendo aos pedidos da vizinhança para lhe dar um pouco de sal. E assim o sal desaparecia rapidamente.
Um dia, o “Ti Manel”, zangado, decidiu que a "Ti Maria" o acompanharia na próxima ida. E lá foram. Regressaram no final do dia, cada um com sua saca de sal.
A partir desse dia, cada vez que algum vizinho se dirigia à Sra Maria na busca de um pouco de sal, ela respondia: “Do que o meu marido trouxe, ainda te dou para salgar um ovo. Do que eu trouxe, nem um olho!”

2 comentários:

famel disse...

Dá que pensar sim sra.
Dá q pensar no que eu mts vezs pensei, qd me deslocava tds os dias p ir trabalhar em Vide. Ia seu sentadinha no meu carro e perguntava-me como aguentaram os meus avós, fzr tantas vezs aquele caminho a pé. Pensava tb, no esforço do meu avô João, q ajudou a construir a estrada p/ onde eu agr confortavel/ me deslocava...
Dá q pensar no q mts vezs esquecemos! Hoj praguejamos p/ td e p/ nd, enquanto q os nossos avós tinham k fzr tantos sacrificios p poder viver...Real/ n damos valor ao q temos!
E mais curioso ainda, era chegar a Vide e ver que a aldeia movimentada que era, e da qual tanto ouvira falar, hoje é uma aldeia triste e apagada.
Mantém-se apagada à sombra de uma feira que hoj sobrevive com pc + de 10 tendeiros; à sombra de um local de paragem de mts em romaria à sra. das preces e à sombra da estrada mais próxima que nos leva a Coimbra.
É 1 aldeia esculpida nas margens de uma ribeira, com uma história magnifica e infinita, pessoas simpáticas e afáveis.
Muito parecida com o Sobral, mas ao mesmo tempo tão diferente...

Anónimo disse...

Sobral e a Vide... Covilhã... Paúl... Fundão... Lourosa... milhentos fragmentos de um viver sofredor.
Os mercados onde se dirigiam, a pé à procura daquilo que o comércio local não dava.
Lembro-me de aos 10 anos subir a serra até às Chambas, por caminhos de cabras, continuar até às fontes do Cide e descer até à Vide.
E o regresso...
Aquela ladeira subindo a serra, com carrego aos ombros (ou cabeça), era um poema de esforço.
Houve que lá morresse, suado da subida, corpo enregelado ao ar frio de Inverno. Aliás, a serra foi fim de vida a muitos que por lá passaram, ficando alguns eternizados nos registos paroquiais do Sobral.
Muitas histórias se poderão contar sobre estes caminhos regados com muito suor e lágrimas.
Mas, caminhos também de muita alegria quando percorridos para as alegres romarias.
Com histórias de melancias em desafio, como exemplo.
Dor e gozo que se complementavam. O automóvel trouxe comodidade mas matou o folclore.
G. Santos