...No valor das coisas e respeito pelo trabalho dos outros
(ouvi contar um dia destes)
(ouvi contar um dia destes)
Há alguns anos, havia no Sobral um “Ti Manel “(não sei os nomes) que ia de tempos em tempos, à Vide, buscar sacas de sal, na altura necessário às salmouras. Ia e voltava, sempre a pé e o regresso era ainda mais penoso, com as sacas pesadas às costas.
A “Ti Maria”, sua esposa, ficava em casa e cada dia ia acedendo aos pedidos da vizinhança para lhe dar um pouco de sal. E assim o sal desaparecia rapidamente.
Um dia, o “Ti Manel”, zangado, decidiu que a "Ti Maria" o acompanharia na próxima ida. E lá foram. Regressaram no final do dia, cada um com sua saca de sal.
A partir desse dia, cada vez que algum vizinho se dirigia à Sra Maria na busca de um pouco de sal, ela respondia: “Do que o meu marido trouxe, ainda te dou para salgar um ovo. Do que eu trouxe, nem um olho!”
2 comentários:
Dá que pensar sim sra.
Dá q pensar no que eu mts vezs pensei, qd me deslocava tds os dias p ir trabalhar em Vide. Ia seu sentadinha no meu carro e perguntava-me como aguentaram os meus avós, fzr tantas vezs aquele caminho a pé. Pensava tb, no esforço do meu avô João, q ajudou a construir a estrada p/ onde eu agr confortavel/ me deslocava...
Dá q pensar no q mts vezs esquecemos! Hoj praguejamos p/ td e p/ nd, enquanto q os nossos avós tinham k fzr tantos sacrificios p poder viver...Real/ n damos valor ao q temos!
E mais curioso ainda, era chegar a Vide e ver que a aldeia movimentada que era, e da qual tanto ouvira falar, hoje é uma aldeia triste e apagada.
Mantém-se apagada à sombra de uma feira que hoj sobrevive com pc + de 10 tendeiros; à sombra de um local de paragem de mts em romaria à sra. das preces e à sombra da estrada mais próxima que nos leva a Coimbra.
É 1 aldeia esculpida nas margens de uma ribeira, com uma história magnifica e infinita, pessoas simpáticas e afáveis.
Muito parecida com o Sobral, mas ao mesmo tempo tão diferente...
Sobral e a Vide... Covilhã... Paúl... Fundão... Lourosa... milhentos fragmentos de um viver sofredor.
Os mercados onde se dirigiam, a pé à procura daquilo que o comércio local não dava.
Lembro-me de aos 10 anos subir a serra até às Chambas, por caminhos de cabras, continuar até às fontes do Cide e descer até à Vide.
E o regresso...
Aquela ladeira subindo a serra, com carrego aos ombros (ou cabeça), era um poema de esforço.
Houve que lá morresse, suado da subida, corpo enregelado ao ar frio de Inverno. Aliás, a serra foi fim de vida a muitos que por lá passaram, ficando alguns eternizados nos registos paroquiais do Sobral.
Muitas histórias se poderão contar sobre estes caminhos regados com muito suor e lágrimas.
Mas, caminhos também de muita alegria quando percorridos para as alegres romarias.
Com histórias de melancias em desafio, como exemplo.
Dor e gozo que se complementavam. O automóvel trouxe comodidade mas matou o folclore.
G. Santos
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