terça-feira, maio 27, 2008

É obra, Covilhã! (por Francisco Paiva)


É OBRA, COVILHÃ!

A Câmara da Covilhã atingiu no ano transacto o admirável passivo de 87.000.000 euros, números redondos, com o consentimento da Assembleia Municipal (NC). O mesmo é dizer que cada munícipe deve aproximadamente 1.750 euros, dívida que provavelmente ninguém prevê amortizar e poucos conseguirão justificar, a não ser por militância ou indigência, que é praticamente a mesma coisa.
Parte considerável da dívida pública, a dívida municipal é de imputação difusa, ou confusa, mas representa um encargo que se repercute directamente nos impostos que "todos" pagamos, além de hipotecar boa parte das opções futuras. - Isto de penhorar o tempo tem muito que se lhe diga... e impõe uma explicação.
Qual a verdadeira substância deste descalabro financeiro? Terão gasto tantos milhões no apoio ao tecido social e empresarial do concelho? Em inovação urbana? No auxílio às pessoas desfavorecidas? Incentivo à participação cidadã? Sustentabilidade ambiental, arquitectónica e urbanística? Democratização do acesso à habitação? Requalificação do espaço público não viário, em particular das zonas verdes? Promoção de alternativas ao transporte automóvel? Criação de equipamentos públicos de educação, cultura e saúde? Salvaguarda do património físico e imaterial? Incentivos à reabilitação do centro histórico caucionadas por especialistas? Formação do pessoal e estímulo às boas práticas na administração? Modernização dos
serviços prestados aos cidadãos?
87 milhões, sem contabilizar o Polis, empresas municipais... e juros - que à taxa nominal de 5% somam 4,35 milhões ao ano -, e tudo na paz dos anjos!
Para que serve a Assembleia Municipal e a oposição, se ninguém dá uma explicação cabal, tem pudor ou assume o logro? Aproveita este paradigma do "poder local" à República?

Como se não bastasse, recebemos há quinze dias o Boletim Municipal: 250 páginas de papel couché, impresso em quadricromia e com uma tiragem de 27.000 exemplares. Para álbum de fotografias não está mal, embora tamanha personalização da vida política pouco beneficie o concelho e tenha, neste quadro, escassa prioridade. Sem questionar a legitimidade destas e de
similares afectações, cumpre-nos avaliar a sua moralidade num momento em que se prova o falhanço da execução das Grandes Opções do Plano, cumprido em apenas 27%, segundo consta.

87 milhões de euros são 17,4 milhões de contos, quantia suficiente para pagar os salários do pessoal da Câmara, com os respectivos encargos, durante 15 anos ou construir uma vila para 4.000 pessoas. Perante tal modernidade, ainda há quem censure a pouca confiança dos portugueses nas instituições, a descredibilização da vida pública, a demissão dos cidadãos da participação, entre outras sentenças fáceis para alijar responsabilidades. No momento em que os impostos recaírem sobre este passivo, talvez os munícipes despertem para os efeitos da cega "legitimação democrática" daqueles que gastam o suor alheio. Trinta e quatro anos após o 25 de Abril, a apregoada transparência e responsabilização dos decisores autárquicos parece não ter chegado aqui. Mas a despesa pública, essa está implacável e inequivocamente titularizada.

Só a pressão da opinião pública (imprensa incluída!) poderá contribuir para aumentar a transparência das decisões políticas, pois os "negócios" e os investimentos mirabolantes anunciados em época eleitoral (aeroportos, barragens, etc.) têm um ónus que se repercutirá impiedosamente no preço a pagar pelos serviços públicos, taxas e licenças municipais, na factura da água, da electricidade, no IMI, etc. Exigir explicações é não só um direito como um dever fundamental de cidadania, ou continuaremos todos a perder nesta submissão da geração que pagará à que delapida e se esquiva a prestar contas.

Por: Francisco Paiva

O Interior

22 comentários:

Anónimo disse...

Bom trabalho Tiaguito!

Anónimo disse...

Felizmente ainda cá temos pessoas que não dizem só "sim".
Parabéns "Xico"

famel disse...

Excelente artigo. Parabéns ao "Xico" por nos deixar esta reflexão.
Ao contrário do que o anónimo apregoa, as pessoas não dizem só "sim", às vezes não sabem é como dizer "não".
Mas relativamente ao artigo em questão, há muito que é conhecido o endividamento da nossa autarquia. Culpa dos que estão, dos que estiveram, os do que hão de estar? Não sei, sinceramente não sei.
O que sinto do meu ponto de vista, é que a politica social não se faz com jardins e prédios. Choca-me bastante o megalomanismo do betao, e de querer construir um aeroporto quando a maioria das Etar's do concelho não estão a funcionar perfeitamente!
Já agora penso que seria bom sabermos as bases deste artigo, os dados consultados, o fundamento das afirmações, para que os que são sempre do contra não venham dizer que o pessoal só sabe falar mal da Câmara!
E claro está, para percebermos até que ponto a reflexão está no bom caminho.

Anónimo disse...

E desde quando é que a Câmara da Covilhã é a única endividada?
Isso é igual em todo o lado.
É bom lembrar e denunciar, mas o que vai mudar?

Anónimo disse...

Conformarmo-nos não vai mudar nada de certesa. É preciso por esta gente incompetente a andar

Anónimo disse...

E os que vão vir a seguir serão melhores? Isto já é tudo gente da mesma laia. A politica empodrece as pessoas até com o melhor coração do mundo

Anónimo disse...

Bem parece que já nao da pa esconder a careca, bem la vao os nossos velhinhos ficar sem o seu cartao do idoso ou vao fazer menos 5 campos de futsal, mas o que é isso uma simples alteraçao do PDM resolve tudo....
Ups ... esquecime o ramo da construçao esta em crise... ninguem quer comprar casas muito menos na covilha!!!
Bem com sopa ja os nossos pais passaram, parece que vao ter de continuar a passar.

Anónimo disse...

Pois,quando penso que o Sobral,terra de viúvas,silicóticos,ou filhos deles,tem uma junta PSD,o que é que se pode dizer ou fazer?
Conversa é roubo de tempo.Agora vendam a água e paguem o dobro depois.Para não variar,lá está o Fael.leia-se Partido Comunista,a defender o essencial dos direitos das populaçôes.Porque será?São sempre os mesmos.Mas,no Sobral são todos ricos...

Anónimo disse...

O Sobral é,porventura,a aldeia portuguesa com mais (Quoficiente de inteligência(Qi).Eu, que sou filho do Sobral,que sei que temos vereadores,deputados por vários partidos,interrogo-me porquê,nós que somos filhos da mais torpe violência ,exploração, e repressão,como podemos aparecer,uma boa parte das vezes com manifestações de direita?Será para defender as avultadas fortunas que não temos?Será para nos dar-mos ares duma importância que ninguém nos atribue?Ou será,simplesmente, um qualquer complexo de inferioridade que nada justifica que tenhamos?O amigo Vergílio do Barreiro,douto nestas matérias,não nos poderá dar uma achega?E que nos diz do Amigo Socrátes?O erro de assento é propositado...

Anónimo disse...

De facto é problemático.Tanta dívida..!É verdade que também tem umas obraszitas.Way?(Porquê),perguntariam os ingleses.Porque há razões que a razão desconhece.Perguntem ao Jorge (que é o capataz cá na terra).Talvez ele saiba.Saberá..?

Anónimo disse...

Mas...
Será que os cidadãos com mais QI por m2 não conhecem as razões e os responsáveis pela dívida, pelo betão, pelo marasmo cultural e desportivo, pelo abandono da educação, pelas negócios com a Somague e o Colégio Internacional?

Não sabem?

Que diabo!

Para que serve o QI?

Anónimo disse...

é tudo uma questão de sobrevivencia para os pobres e desprotegidos.Conveniencia para os ricos.E do deixa andar para os remediados.Há que saber cada um qual a sua identidade neste contexto e reconheçer-se como tal.

Anónimo disse...

E tu anónimo sabes quais as razões?
Vá explica-nos lá como se fossemos todos muito burros.

Anónimo disse...

Se estivesses lá no poleiro aposto que não fazias melhor.
De boas intenções está o inferno cheio.
Todos os que por lá passam sofrem do mesmo, quer seja do partido A, ou C.
Remédio será não votar? Ir para a porta da Câmara fazer uma greve de fome?
Vá anónimo dá-nos lá a receita. De certeza que todos agradeceremos.
Falar é muito bonito e arranjar soluções? Tenham o QI elevado ou não, ninguém se safa muito nisso de arranjar soluções.

Anónimo disse...

Ó anónimo, até mesmo eu que me considero fazendo parte da maioria dos comuns mortais (QI=?), sei que o que existe é um défice de «valores», esses que aprendemos com os nossos Pais, alguns felizardos com os Avós, e que fizeram dos filhos do Sobral individuos, não sei se com elevado QI,mas que se pautam (espero eu ainda)na sua maioria por gente honesta, trabalhadora.Que não se esqueçam outros das suas origens, e de que o mundo que estamos a contruir agora,é a herança dos nossos filhos.De uma coisa eu tenho a certeza, a maioria de nós estará(ou deveria, pelas origens) na linha da frente contra as desigualdades sociais. Não esperem que seja necessário outro 25/04. Usem um direito que custou muito a adquirir no passado. VOTEM!

Anónimo disse...

Essa do QI dá mmo pa rir ó vibora, leste no Noddy?
È que a mim ningem me irou medidas!
lolololoololo

famel disse...

A maldita dor de cotovelo que nunca acaba.
Tem inveja do nosso QI? Então é porque sabe qual é esse QI senhor anónimo.
Já agora convido-o a partilhar connosco o estudo no qual chegou a essa conclusão!
Força!O blog só iria beneficiar com um tema tão interessante. Se é que acha que tudo o resto não o é!

E já agora em relação ao artigo e a um grupo de pessoas que ouvi há dias comentar que na Covilhã não havia cultura e que no Fundão é que se passa tudo de interessante, pergunto então quantas óperas houve este ano nas duas cidades? Não sabem, pois a Covilhã não tem cultura porque quando a temos não nos damos ao trabalho de saber apreciá-la (não generalizando).
E já agora que andam tantas cidades às turras com o Polis, Setúbal por exemplo na qual só há 3 meses arrancou este projecto nacional, pensem lá se na nossa cidade as obras não se foram fazendo? Nós até nem temos um novissimo complexo desportivo no qual diáriamente a população pode gratuitamente aceder a aulas de manutenção fisica, pois não? Entre tantas outras obras que se vão fazendo, com alguns tropeções.

É importante que se denuncie o que está mal. Nós o POVO, temos esse dever. Se não o fizermos continuará a ser crónico!

Está mal sim senhor que a divida seja essa, está mal. Mas vamos andar sempre no ceguinho e só falar do que está mal? E então as coisas boas não se fala delas?

Fica o repto...porque é sempre bom continuarmos a discutir sobre os assuntos importante!

Anónimo disse...

Ao #giga esperto# e ..., proponho que sejam avaliados (avaliação temporal e omnipresente),aos palmos.Daí obteremos o seu QT/QP.Era uma maneira antiga de se avaliarem os... .São coisas...talvez, ainda actuais!?...

Anónimo disse...

Ahahaha!
Gostava de saber onde foram buscar essa do QI e como raio mediram isso.

Anónimo disse...

para aqueles que tiverem interesse em em medir o QI aqui vai um site que pode ajudar, htp://www cpsimoes.net/mensapt/

Anónimo disse...

Só agora - 2 semanas depois do post - é que me dei ao trabalho de ler tal coisa... e qual o meu espanto quando leio que militância e indigência são a mesma coisa,sendo assim nem faço qualquer comentário.Até o meu pequenino qi me diz que é o melhor que eu tenho a fazer.
o mesmo qi(COM LETRA MINÚSCULA) me diz que o ansalo e víboro são o mesmo comentador e ele sabe bem que eu não discuto a política Portuguesa...nem sequer voto há 13 anos. Para além de morar há 20 anos no Barreiro -terra vermelha desde o 25 de Abril(e antes também).O QUE MUITO POUCO VALEU á terra porque também está individada como os outras Câmaras deste País. - AS MINHAS DÍVIDAS SÃO DO CRÉDITO Á HABITAÇÃO E FI-LAS DE PRÓPRIA VONTADE, de resto não devo mais nada a ninguém. Também me admiro muito porque os posts mais polémicos são sempre os mais comentados, só que ninguém dá a cara mas sim anónimos e mais anóninos.Para terminar, espero bem que o asno peça ao sr. Francisco Paiva que explique bem ao nosso blog essa do da militância ser igual á indigência. quem me diz também o ansalo a propósito?

Anónimo disse...

Famel, olha que o Barreiro- VILA HÁ 500 ANOS E CIDADE HÁ 22, é um concelho 100% urbano - com 85.000 habitantes (perdeu 10.000 em 20 anos) e só agora é que anda a contruir - a meias com a Câmara da MOITA - a sua ETAR.