Comíssio da Liberdade no Estádio 1º de Maio
Como prometi no 25 de Abril , apresento ao blog a página do m/ diário relativa ao dia 1º de Maio de 1974.
Hoje foi feriado e comemorou-se o dia do Trabalhador. De manhãzinha levantei-me e fui a pé directo ao quartel da Pontinha visitar um soldado meu vizinho do Sobral e futuro cunhado. Bebemos umas cervejas e falámos um pouco do 25 de Abril, e, como ele estava de serviço, apanhei o autocarro e fui para a baixa de Lisboa.
Quando cheguei ao Rossio já lá andava o povo a dar VIVAS Á LIBERDADE e a gritar: O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO. Começou logo a formar-se uma manifestação que foi directa ao Martim Moniz. Meti-me nela e subimos a Av. Almirante Reis até á Alameda onde já estava uma pequena multidão. Daí a pouco formou-se outra manifestação e toca a descer a Avenida, agora em direcção ao Rossio. Desta vez o caminho era "ó abaixo" mas consegui empoleirar-me no capô dum wolkswagen e lá vim com a multidão ao gritos e risadas todos com o braço levantado, ora com o punho cerrado, ora com a mão aberta e dois dedos esticados a fazer o V da vitória.
A certa altura saltei do carro e com duas tábuas duma caixa - que apanhei á porta duma frutaria - fiz um grande V. Os repórteres de TV da Suécia e França que nos seguiam em seus carros, devem ter achado engraçado e fartam-se de filmar aquele V original e fabricado á pressão.
No Rossio, formava-se a 3ª manifestação do dia que logo começou a subir outra Avenida, que desta vez era a da LIBERDADE. Parece que se dirigia para o Estádio da FNAT-agora baptizado de Estádio 1º de Maio - e como me ficava a caminho de casa - aproveitei a boleia e juntei-me á multidão. No estádio o povo ia juntar-se aos militares e chefe dos partidos políticos e fazer em conjunto um grande comício.
Segui aquela malta toda já um pouco cansado até ao Marquês de Pombal, e em vez de seguirem pela Av. Fontes Pereira de Melo até ao Saldanha e Campo Grande, resolvem cortar á direita e entram na Av. Duque de Loulé. Só descobri uns 150 metros depois a razão daquele desvio. Queriam passar frente ao consulado Americano e começaram aos gritos de "abaixo o imperialismo" e como se isso fosse pouco, vai de arrancar pedras da calçada e a quebrar a fachada envidraçada do edifício da Torralta - que ficava um pouco mais acima - e gritar "abaixo o capitalismo".
Achei que aquilo era liberdade a mais, e já cansado, deixei-me ficar para tráz e vim para casa ver o comício da liberdade na TV.
Como prometi no 25 de Abril , apresento ao blog a página do m/ diário relativa ao dia 1º de Maio de 1974.
Hoje foi feriado e comemorou-se o dia do Trabalhador. De manhãzinha levantei-me e fui a pé directo ao quartel da Pontinha visitar um soldado meu vizinho do Sobral e futuro cunhado. Bebemos umas cervejas e falámos um pouco do 25 de Abril, e, como ele estava de serviço, apanhei o autocarro e fui para a baixa de Lisboa.
Quando cheguei ao Rossio já lá andava o povo a dar VIVAS Á LIBERDADE e a gritar: O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO. Começou logo a formar-se uma manifestação que foi directa ao Martim Moniz. Meti-me nela e subimos a Av. Almirante Reis até á Alameda onde já estava uma pequena multidão. Daí a pouco formou-se outra manifestação e toca a descer a Avenida, agora em direcção ao Rossio. Desta vez o caminho era "ó abaixo" mas consegui empoleirar-me no capô dum wolkswagen e lá vim com a multidão ao gritos e risadas todos com o braço levantado, ora com o punho cerrado, ora com a mão aberta e dois dedos esticados a fazer o V da vitória.
A certa altura saltei do carro e com duas tábuas duma caixa - que apanhei á porta duma frutaria - fiz um grande V. Os repórteres de TV da Suécia e França que nos seguiam em seus carros, devem ter achado engraçado e fartam-se de filmar aquele V original e fabricado á pressão.
No Rossio, formava-se a 3ª manifestação do dia que logo começou a subir outra Avenida, que desta vez era a da LIBERDADE. Parece que se dirigia para o Estádio da FNAT-agora baptizado de Estádio 1º de Maio - e como me ficava a caminho de casa - aproveitei a boleia e juntei-me á multidão. No estádio o povo ia juntar-se aos militares e chefe dos partidos políticos e fazer em conjunto um grande comício.
Segui aquela malta toda já um pouco cansado até ao Marquês de Pombal, e em vez de seguirem pela Av. Fontes Pereira de Melo até ao Saldanha e Campo Grande, resolvem cortar á direita e entram na Av. Duque de Loulé. Só descobri uns 150 metros depois a razão daquele desvio. Queriam passar frente ao consulado Americano e começaram aos gritos de "abaixo o imperialismo" e como se isso fosse pouco, vai de arrancar pedras da calçada e a quebrar a fachada envidraçada do edifício da Torralta - que ficava um pouco mais acima - e gritar "abaixo o capitalismo".
Achei que aquilo era liberdade a mais, e já cansado, deixei-me ficar para tráz e vim para casa ver o comício da liberdade na TV.
Um dos milhares de cartazes das manifestações de Abril